ZÉ NEGRITO ESTÁ DE VOLTA
parte 1


Nestes dias atuais ele está descansando de suas lidas de conduzir boiadas, está dispensando, cansado, os tempos passaram, a idade está roçando as canelas, anda devagar, não possui aquela vitalidade de outrora, agora vencido pelas andanças por estes vales e montanhas, já até atravessou o pantanal, vilas e correntezas de rios.

Seu Guilhermino apartou dos companheiros, seus amigos foram cada um para cada lugar, ele voltou definitivamente para sua casa, voltou para o convívio de sua família, sua esposa e seu filho apelido carinhoso de Nego Jão moravam também nas terras de sua propriedade, todos conhecia Nego Jão, bom sujeito, nunca se envolvia com brigas, ou mau querências, sempre rodeados de amigos aos quais os queriam bem, como um rapaz conquistador muito extrovertido, apesar de sua pouca idade de uns dezessete para vinte anos mais ou menos a começar foi criado dês de muito menino morando nestes vales e vilas, ele sentia uma grande paixão, em suas grandes aspirações amorosa, tinha Tereza Suzane como sua coleguinha de escola.

Nego Jão sempre gostou de Tereza Suzane, dês dos tempos de meninice, e certeza que Susane também gostava dele. Vivia sempre nestes arredores, amansava cavalo xucro, burros selvagens, dês de muito pequeno já viajava na frente do arreio, quando seu pai Guilhermino conduzia as boiadas nestas distâncias mais curtas.

Dentre a peonada desta comitiva, S.r. Quaresma, não era o mais velho da turma, mas ele que liderava. Quando s.r. Quaresma apartou da turma, esta comitiva foi cada vez mais se enfraquento, a boiada passou a não ser mais a mesma, a maioria dos lotes de novilhos negociados pertencia ao Senhor Quaresma, largou de tocar boiada, adquiriu um bela fortuna, com fazendas e um enorme rebanho de incontáveis cabeças de reses, muitas centenas de argueires de terras, hoje pessoa muito rica, de muitas posses, ganhou a comenda de Coronel, agora Coronel Quaresma sossegou da lida de gado, está residindo em um de suas fazendas, vivendo ao lado de sua família, sua esposa, e seu único filho que já está na ordem dos Coronéis; Coronel Guerino por ser seu filho único recebe todo o mimo de seu pai o velho Coronel Quaresma. Seu Guilhermino o mais fiel companheiro de seu Quaresma. Outro que fazia parte da comitiva do senhor Quaresma,

Zé Negrito, Zé negrito um negro forte, estatura grande, possuidor de uma enorme força, até derrubava touros a mão, era companheiro de todos, sujeito bom, compartilhava tudo que possuía, ajudava os companheiro seja lá a hora que precisasse, ele rezador, fazia orações, dizia os mais intimo dele que até curava picada de cobras, das mais venenosas já vista, ele incorporava espíritos que auxiliava os necessitados nas hora precisas, um negro de coração bondoso, bastante conversador, muito carismático.

Até os animais gostava da aproximação deste negro boiadeiro, nesta última jornada Zé adotou um boizinho zebu, este animal seguiu Zé durante toda a cavalgada, ficou fiel companheiro; Zé e o boizinho.

Zé Negrito despediu da turma, quase nos dias que seu Quaresma também decidiu tomar outro rumo, Zé morreu em plena tempestade.
Foi em um dia de feriado, pararam com a boiada em uma posada, soltaram o gado no pasto que era para pastar um pouco, a boiada estava muito cansada, até acabaram por perderem algumas novilhas, deixaram para trás. Naquela boiada que neste dia conduziam o boizinho zebu que não apartava do senhor Zé negrito, parecia de estimação.

Zé naquele dia estava sozinho no galpão, chovia muito, os trovões chacoalhava o telhado das casas, o céu á todo momento partiam em relâmpagos incandescentes, sem nada a fazer aproveitou para queimar uns alhos, com uma enorme panela de arroz com carne seca e o feijão com toucinho e todos os temperos suculentos possíveis, preparava o rango para a peonada que logo chegariam esfomeados.

No momento em que Zé estava saboreando aquele almoço, de prato seguro na palma da mão der repente apareceu um menino que já morava naquela fazenda que servia de pousada para boiadas, o menino aproximou de Zé e muito acanhado tentava dizer algo, Zé pensou que o menino estivesse com fome, ofereceu comida a esse guri, menino disse que não queria comer, só veio avisar que o seu boizinho estava atolado lá no alagadiço, pro seu Zé ir socorrer o animal se não morreria todo atolado, disse o menino e desapareceu no meio do temporal, pois no momento chovia muito. Z. Negrito terminou rápido com sua refeição e correu logo até o local que o boizinho estava atolado á uns 250 metros distante do galpão, chegando tratou logo de salvar o bicho que no momento se batia e tentava se livrar daquele suplício, retirou a sua roupa e botinas e pulou dentro deste pequeno pântano, usou de toda sua força impulsionando seu boizinho e retirou do alagadiço, saiu e estava irreconhecível tal a quantidade de barros que cobria seu corpo, mas a chuva voltou a aumentar e tratou de lavar todo o animalzinho que voltou a sua cor normal, Zé banhou-se no lago mesmo em plena chuva enquanto o animal seguia a trilha de volta para as proximidades do galpão, também pegou o caminho de volta e seguia á uns 50 metros atrás enquanto que os raios caiam com toda a força neste descampado.

Z. Negrito tratou de se abrigar da chuva e correu para debaixo de uma árvore, era um pé de peroba rosa que existia bem ali nas margens do malhador de gados enquanto os trovões faziam tremer a terra. Neste momento em que Zé estava amparado desta tempestade debaixo desta perobeira .

Aconteceu o imprevisto, sua vida foi interrompida no momento que um raio desceu partindo esta árvore em pedaços, as dose hora deste dia que marcou a histórias destes valentes heróis sertanistas, aconteceu a partida para o infinito de Zé negrito, ele morreu eletrocutado por este relâmpago, foi uma grande perca, todos seus amigos sofreram por esta passagem, a tristeza invadiu os corações deste companheiro, fato que nunca mais saiu da memória de seus amigos; Guilhermino, Quaresma e todos peões de boiadeiros.

Duas horas após a morte de Zé aconteceu uma aparição, ele teria que levar a mensagem ao seu único irmão, sendo assim Zé escolheu sua cunhada se localizava em um lugar mais afastado da cidade que Zé morava quando em vida, dona Neném seria a receptora desta mensagem para depois avisar da morte do irmão de seu marido que no momento estava trabalhando na lavoura, esta sua cunhada já tinha o conhecimento da espiritualidade do Negro Zé, conhecido como Zé Negrito, Dona Neném conhecia esta entidade que incorporava Zé Negrito.... (continua no texto "O aviso")

Antonio Herrero Portilho/17/9/2016 

 

 

                                                                            O AVISO.

Ele chegou meio que de surpresa, ninguém poderia dizer ou desconfiar que esta era hora dele chegar, sentou-se ali naquele banquinho, quer dizer; espécie de banquinho. No momento estava trajando de branco, roupa toda amarrotada, chapéu alvo assim como seus cabelos enrolados meio que sem pentear, meias e sapatos cheiravam mal, suado, cansando como se estivesse percorrido uma longa caminhada. Zé negrito permaneceu por alguns minutos mudo, não dizia uma se quer palavra, com a cabeça abaixada, mas ainda olhava por baixo da aba do chapéu, olhos vermelhos que mais parecia duas lamparinas incandescentes. Ele ainda parecia se esforçar para emitir sons ou gestos, querendo dizer algo e não conseguia articular nenhuma palavra, conduziu a mão entre a camisa e o paletó ainda trêmula e tateando procurando o bolso onde guardava seu pito que nas horas de ansiedade fumava prazerosamente. Zé Negrito conseguiu sacar seu cachimbo, olhou no reservatório percebeu que ainda existia uma pequena poção de fumo, no momento de acender bateu com a mão no bolso e percebeu que não tinha fogo, direcionou os olhares para dona Neném e fez um gesto de negativo, dizendo que não tinha como acender. Em meio aquela ventania do mês de agosto o sopro deste vento avivava ainda mais o braseiro que dona Neném usou para assar o bolo de fubá, caminhou alguns paços e na volta trazia uma brasa viva que ela carregava em uma colher de pau, Zé colocou a brasa no cachimbo e logo começou a soltar várias baforadas ao vento, já se percebia a grande satisfação naquele semblante negro de sobrancelhas encontradas, olhos pestanejavam vagarosamente parecia sonolência alem da respiração ofegante que soprava pelas aquelas abas avantajadas deste nariz e boca avermelhada descendente Africana.

Dona Neném estacou bem de frente deste nego veio e perguntou com bravura e insistência:

- Pronto meu caro amigo, o senhor poderia me dizer o que o senhor está me tentando comunicar?

Zé Negrito fazia com a mão um gesto para que ela se aproximasse com seus ouvidos, assim feito ele começou a soltar a fala, até que bem baixinho, mas disse para Dona Neném em sons claríssimos com palavras compassadas e Dona Neném ouviu nitidez.

-Eu morri.

Dona Neném arregalou os olhos e disse perguntando:

-Morreu?... Morreu como?... Você ta aqui, eu estou te vendo, como você explica isso? -

- Hoje ás doze horas do dia aconteceu a minha passagem, pode arrumar as crianças avisar seu marido e vá logo lá para minha sentinela, o velório já esta acontecendo á estas horas.

- Não estou acreditando, você ta aqui criatura.

- To e não to, você só ta vendo meu espírito.

Quando dona Neném retirou os olhares, o velho Zé Negrito desapareceu em meio a uma nuvem de fumaça, coisa misteriosa, só veio para dar o aviso.

05/07/2016/ Antonio H Portilho.

O AVISO.

Ele chegou meio que de surpresa, ninguém poderia dizer ou desconfiar que esta era hora dele chegar, sentou-se ali naquele banquinho, quer dizer; espécie de banquinho. No momento estava trajando de branco, roupa toda amarrotada, chapéu alvo assim como seus cabelos enrolados meio que sem pentear, meias e sapatos cheiravam mal, suado, cansando como se estivesse percorrido uma longa caminhada. Zé negrito permaneceu por alguns minutos mudo, não dizia uma se quer palavra, com a cabeça abaixada, mas ainda olhava por baixo da aba do chapéu, olhos vermelhos que mais parecia duas lamparinas incandescentes. Ele ainda parecia se esforçar para emitir sons ou gestos, querendo dizer algo e não conseguia articular nenhuma palavra, conduziu a mão entre a camisa e o paletó ainda trêmula e tateando procurando o bolso onde guardava seu pito que nas horas de ansiedade fumava prazerosamente. Zé Negrito conseguiu sacar seu cachimbo, olhou no reservatório percebeu que ainda existia uma pequena poção de fumo, no momento de acender bateu com a mão no bolso e percebeu que não tinha fogo, direcionou os olhares para dona Neném e fez um gesto de negativo, dizendo que não tinha como acender. Em meio aquela ventania do mês de agosto o sopro deste vento avivava ainda mais o braseiro que dona Neném usou para assar o bolo de fubá, caminhou alguns paços e na volta trazia uma brasa viva que ela carregava em uma colher de pau, Zé colocou a brasa no cachimbo e logo começou a soltar várias baforadas ao vento, já se percebia a grande satisfação naquele semblante negro de sobrancelhas encontradas, olhos pestanejavam vagarosamente parecia sonolência alem da respiração ofegante que soprava pelas aquelas abas avantajadas deste nariz e boca avermelhada descendente Africana.

Dona Neném estacou bem de frente deste nego veio e perguntou com bravura e insistência:

- Pronto meu caro amigo, o senhor poderia me dizer o que o senhor está me tentando comunicar?

Zé Negrito fazia com a mão um gesto para que ela se aproximasse com seus ouvidos, assim feito ele começou a soltar a fala, até que bem baixinho, mas disse para Dona Neném em sons claríssimos com palavras compassadas e Dona Neném ouviu nitidez.

-Eu morri.

Dona Neném arregalou os olhos e disse perguntando:

-Morreu?... Morreu como?... Você ta aqui, eu estou te vendo, como você explica isso? -

- Hoje ás doze horas do dia aconteceu a minha passagem, pode arrumar as crianças avisar seu marido e vá logo lá para minha sentinela, o velório já esta acontecendo á estas horas.

- Não estou acreditando, você ta aqui criatura.

- To e não to, você só ta vendo meu espírito.

Quando dona Neném retirou os olhares, o velho Zé Negrito desapareceu em meio a uma nuvem de fumaça, coisa misteriosa, só veio para dar o aviso.

05/07/2016/ Antonio H Portilho.

 

 

Antonio Portilho antherport
Enviado por Antonio Portilho antherport em 18/09/2016
Reeditado em 06/04/2022
Código do texto: T5764384
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