516 O amor não se compra
Assim que eu me divorciei, passei a frequentar uma igreja evangélica e interessei por uma moça negra com tranças no cabelo, 20 anos mais nova do que eu, que gosta de cantar, formada em pedagogia assim como a sua mãe, e o seu pai é pintor de paredes.
Compareci na festinha de seu aniversário de 23 anos, com um celular da melhor marca para lhe presentear, e coloquei no canto da sala junto com outros presentes. Havia cerca de 100 pessoas, e a maioria membros da igreja. O pastor fez uma oração e uma pregação, a seguir veio a parte de louvor. Por fim, a distribuição de salgados e refrigerantes, o bolo e os parabéns.
Eu fiquei por último a observar. Ela foi conversar com sua mãe e me chamou: Irmão, por favor, me desculpa, não posso aceitar o seu presente por ser muito caro, e também porque te conheço há pouco tempo e mal sei o seu nome. Voltei para casa ressentido.
Depois de muita insistência, ela aceitou sair comigo, porém com a presença de seus pais. Estou fascinado por seus sonhos, por sua pureza e simplicidade, ganhei na loteria. Dia desses ela me disse: Amor, agora eu aceito aquele tal presente. Eu lhe respondi: Tá bom, vou trazê-lo no próximo encontro!
Goiânia, 13-03-2024
(Do meu livro Minhas histórias, pequenos contos, em construção)