SEM PORTAS OU JANELAS (dedicado aos recantistas Roberta Souza, Juli Lima e aos meus Antônios poetas)
Roberta se fechava em copas, os seus sentimentos não destravavam os trincos das portas e, o ar ficava impedido de circular na relação assumida.
Já em relação à Antônio, deixava as abas abertas das janelas, sem se preocupar quando as cortinas esbarravam nos móveis laterais ou, se a força do vento, espalhava os papéis sobre a escrivaninha, ele saía toda hora, sempre buscando respirar.
Apesar das analogias, acho que já perceberam que o casal estava passando, por um bom desgaste no clima de marido e esposa.
Juli, a filha deles de doze anos, vivia tentando abrir as portas pra Roberta e, colocando pequenos objetos sobre a escrivaninha de Antônio, só pra nenhum documento de perder. Manter mãe e pai unidos, estava tornando a menina, uma insistente arrumadeira.
A maior distração da pequena Juli, era rezar ferrenhamente, pra que Roberta e Antônio se entendessem em seus silêncios e, voltassem a viver o amor que os unia, alegrando a vida da menina.
O clima muda, chuvas torrenciais, ventos fortes e portas batendo, fechando janelas, o ar dentro de casa estava irrespirável.
A destemperança causou uma gripe muito forte em Juli, que acabou se tornando uma pneumonia, dor que acende amor, drama que abre portas e controla janelas. O ar entra melhor nos pulmões, a fala verdadeira, vai de boca em boca, resolvendo questões que antes, só não haviam sido faladas. O amor, necessitava de muito mais amor. Juli sente na pele, o mundo se acalmando ao seu redor. A bonanza flutuando dentro do lar, sorrisos, carinhos e olhares lhe enviando desejos de saúde.
O primeiro dia de Juli sem febre e com fome, encheu a casa de luz e a frase Graças à Deus! Repetida muitas vezes, fez Juli olhar para o alto e fechando os olhos brevemente, agradeceu aos céus pelo atendimento às suas súplicas. O amor é Maior!