AH! OS CABELOS NEGROS

(alguns recantistas vão se achar por aqui)

 

 

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Albuquerque é um trabalhador de certa idade, mora sozinho há alguns anos, mas, mantém um bom amigo no prédio onde mora, também um adorável casal, na repartição onde presta serviços.

 

Albuquerque tem por hábito, vigiar o mundo sem pretensão alguma, uma luneta montada na janela da sala e, um belo dia descobriu às 07h00 da manhã, um apartamento onde uma linda moça, de cabelos negros médios pra longos, vestindo um collant tipo babydoll. Ela se espreguiçava com os braços para trás dos ombros, segurando as madeixas negras, por uns três minutos no mínimo. Albuquerque, olhava pra ela e, sentia-se encantado, cheio de paz. Logo depois disso, ela fechava a cortininha leve e seguia a sua vida. Albuquerque, preparou e tomou o café com gosto, apetite e foi para o trabalho contente.

 

Sem entender o porquê disso, a moça repetia este ritual ao acordar, todos os dias, Albuquerque, teve um uma semana alegre, bem disposto e não perdia o momento de relaxamento com beleza, nenhum dia sequer. Encontrou o seu amigo, um pouco mais novo Souza e o irmão Olavo, dois vizinhos de dois andares abaixo do seu. A princípio eles riram da história, mas, Albuquerque, os convidou para ir ao apartamento dele, no dia seguinte às 06h50 e presenciassem com ele, o que ele contara, assim ficou combinado.

 

O horário marcado foi cumprido, os três ficaram dividindo os poucos minutinhos da moça, que parecia espreguiçar, agradecendo aos céus por mais um dia...e não é que Souza e Olavo, sentiram-se tão bem quanto o amigo Albuquerque, que acabou convidando os dois para tomar café. Fez café, serviu leite e limonada, pães franceses na chapinha da frigideira e um requeijão pra alegrar a refeição. Riram, conversaram coisas leves, engraçadas, futebol e poesia, que todos apreciavam e, até escreviam uns versinhos num site hospedeiro de escritores. Foram para os seus empregos felizes.

 

Inacreditavelmente, os vizinhos se encontraram no dia seguinte, no mesmo horário anterior, no apartamento de Albuquerque, que os recebeu festivo. Eles até levaram pães doces, manteiga, queijo e leite, para colaborar com o café...e antes dele curtiram o espreguiçar harmonioso da moça de cabelos negros, foi mais uma manhã deliciosa e, fortalecedora de amizades. Após o café, seguiu-se a rotina.

 

Lá chegando no escritório, Albuquerque conversou durante o expediente com um casal, muito amigo dele, Roberta e Dilson, no fala e ouve, fala e ouve, acabou por contar a saga da moça linda de cabelos negros. Claro que os amigos duvidaram das reações harmoniosas, que a visão da luneta proporcionava. O desafio da visão privilegiada foi feito e aceito, porque afinal eles moravam perto dele, então...porque não?

 

Às 06h50 da manhã seguinte, Albuquerque, Souza e Olavo, recebem a visita risonha de Roberta e Dilson, se dividem na visão do espreguiçar da moça dos cabelos negros e, têm que concordar que ela provoca paz interior. Tomam café juntos, confabulam um pouquinho, todos seguem para o trabalho. A moça de cabelos negros vira assunto na repartição e, dois dias depois, eles aparecem às 06h50 da manhã, para visitarem Albuquerque outra vez, admirando a moça e, curtindo a paz que ela causava. Eles até trouxeram, presunto e suco de laranja, para ajudar no café da manhã, as amizades entre Souza e Olavo, também se concretizavam, poesias leves surgiam. 

 

...o impensável, é que a rotina do espreguiçar da moça bela de cabelos negros, foi sendo mantida por meses, diariamente.

 

Os amigos de lupa, tiveram uma ideia legal. Escreveram poesias, sonetos e contos, à mão livre, todos demonstravam como os minutinhos de espreguiçar da moça, não lhes provocava sensualidade ou desejo, ao contrário provocava paz interior em todos os cinco amigos. Colocaram num envelope, sem remetente, dentro uma carta sem destinatário, remetente ou assinaturas.

 

Através da luneta, localizaram o prédio onde ela residia, tiraram uma foto do rosto da moça. Pagaram um motoboy para fazer a entrega na portaria, pedindo ao porteiro que passasse o envelope para aquela moça da foto, apenas isso. 

 

Lúcia recebeu o envelope, leu tudo o que continha nele e, suspirou profundamente. Mas, como estavam vendo ela? Não havia maldade nos escritos. Olhou pela janela, para todos os lados...pensou deve ser um binóculo. Foi para o trabalho pensando e rindo. Chegou em casa depois do trabalho, leu tudo de novo e, suspirou com muita paz no coração. Foi dormir e manteve a cortininha aberta. Sentia-se muito bem.

 

 

 

**Imagem - Fonte - br.pinterest.com 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 23/10/2023
Reeditado em 30/10/2023
Código do texto: T7915444
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