MENINA FLOR
Rubi foi o nome dado por seus avós, sua mãe morrera no parto e, o sacripanta do pai, fugindo de mais uma responsabilidade, dando pressa aos ébrios passos, a abandonou, sorte dela. Os avós maternos cobriram de amor e atenção, a netinha linda, de boquinha carnuda cor de rubi, ela era pra eles a sua menina flor.
Rubi cresceu no campo, onde os avós tinham um sítio grande, confortável e, viviam da plantação intermitente de milho e soja e verduras sazonais. A área era boa e grande, mas, era necessário muito trabalho. Eles eram jovens ainda, então, criar Rubi era um prazer e uma alegria, como continuar amando a filha através daquela graça de menina.
Rubi crescia adorável, saudável e sorridente. Não havia um colono ou peão sequer, que não vigiasse cada passo seu, era protegida por todos. Era amada pelos avós e pelas famílias dos colonos. Alguns tinham suas meias águas por ali, outros trabalhavam por demanda, mas, sempre eram os mesmos chamados, na época da colheita. Então, Rubi crescia convivendo com as esposas e filhos deles, eram uma enorme família.
Os avós Moacir e Nana, construíram um alpendre, arrumaram mesas e cadeiras, quadro negro, montando uma escolinha para alfabetizar Rubi e todos que trabalhassem para o sítio, bem como seus filhos. O responsável pela Paróquia das Mercês, o Padre Antônio, providenciou junto à comunidade, as professoras para manhã tarde e noitinha.
Moacir e Nana combinaram a paga com direito à alimentação e, Antônio Souza que era um dos colonos, se prontificou de levar a professora da noitinha pra cidade, todos os dias. As outras duas, já se sabia que tinham os seus próprios cavalos. A generosidade de Moacir e Nana, foi primordial para melhorar a vida de todos, conhecimento é tudo, saber ler e escrever, abre portas, dignifica um ser humano e, promove o aparecimento de novas oportunidades. A alegria no rosto de uma pessoa já crescida ou de uma criança, no instante em que consegue ler e reconhece, o próprio nome, aquece o coração. Rubi aprendia com muita facilidade, logo precisaria frequentar a escola na cidade, ali no sítio era só a abertura das asas dos seus sonhos.
A menina flor cresceu, estudou e se formou em Agronomia, amava a terra e, assim que pôde, começou usar os seus conhecimentos, para melhorar o funcionamento do sítio, usava até um drone para a irrigação de defensivos, além de monitorar com mais detalhamento, toda a plantação. Generosa e simpática, dividia o seu conhecimento, com os colonos mais aptos ao conhecimento. Gerou muitos técnicos com isso, todos cresciam com isso.
Logo aquela boquinha cor de rubi, começou a chamar a atenção do filho de um colono, Roberto. Rapaz bonito, trabalhador antigo dos avós da menina flor. O namoro logo vingou e para o casório foi mais rápido, do que fazer bolo de milho. Os dois pensavam igual, queriam comprar mais um pouco de terra, ampliar a plantação e também, investir no plantio de laranjas, pois o solo dali aceitava bem.
Tudo deu tão certo, que Moacir e Nana até puderam fazer uma pequena viagem, muito merecida. Ao retornarem perceberam uns sorrisinhos aqui e ali, um sorriso mais aberto acolá. Viram uns tijolos e cimento, umas latas de tinta no depósito, as carinhas de felicidade de Roberto e Rubi. Logo os dois descobriram que seriam bisavós e, foi uma alegria só. Os materiais no depósito, eram pra fazer o quarto do bebê, menina flor logo logo,iria espalhar mais perfume.