Ô ENGANO!

 

Atropelei as palavras, errei os verbos e as conjugações, o nome eu errei feio e bem na hora H, tentando corrigir fiz uso da pior desculpa possível

- falamos tanto no trabalho, que o nome dela ficou na minha cabeça

 

A janela do quarto aberta , favoreceu a atitude dela. Jogou minhas roupas pela janela, o jogo de gamão presente do meu avô, relógios, sapatos, perfume, até o São Longuinho, meu parceiro. Eu não conseguia conter o furor da raiva dela. Resolvi deixar acontecer, do que me julgarem por alguma violência. As crianças na porta do quarto chorando, sem entender o que estava acontecendo, nem tomavam partido, para eles os pais tinham enlouquecido.

 

Verdana, a avó materna acordando com toda aquela barulheira, vendo a situação descabida, joga um robe para Luna, a filha nua e puxando o genro pro lado, manda que ele vá para um hotel, no dia seguinte de cabeça fria, eles conversariam. Ela própria se entenderia com o síndico. Pagaria os prejuízos e ainda teria, que pedir para guardar as coisas do genro, no depósito do material de obras, pelo menos o que não tivesse se estragado. Ai, ai...o que será que Moacir tinha aprontado...depois saberia, agora precisava acalmar Joel e Nana, mas, nada como um leite quentinho com um tiquinho de camomila, junto com uma boa historinha e, logo logo dormiriam, eles ainda eram bem pequenos. Acalmar à filha, só um chá com umas gotinhas poderosas sem sabor. Depois, ela mesma iria cair na cama por cansaço de verdade.

Ah! Verdana...como aquela situação iria se ajeitar? Pensava.

 

Moacir, já alojado num hotel, refletia sobre aquela confusão totalmente descabida, amava Luna infinitamente e, não tinha caso algum, nem com a Lumah, colega do escritório ou, com qualquer outra pessoa. Porquê raios! O nome de outra mulher lhe veio à boca...e logo naquele momento! Putz! Nem sequer podia culpá-la pela reação. Como iria resolver aquele imbrólio...precisava muito da ajuda de Deus e, também do amigo São Longuinho, pobrezinho à essa altura estaria todo quebradinho no chão do prédio, ai ai, que lástima. Pensava também em Joel e Nana, que viram tudo...o que estaria se passando em suas cabecinhas. O engano inocente provocou um furacão de emoções. Esperando que no dia seguinte, as coisas pudessem ser esclarecidas, ele foi dormir.

 

Logo cedo, o telefone de Moacir toca, era a sogra Verdana, querendo saber como ele passara a noite e, informá-lo que os meninos já tinham ido dar uma volta na pracinha com a babá Juli e, Luna ainda não tinha acordado, o chá batizado que ele tinha dado à filha devia estar muito forte, aconselhou à ele, que seria bom se quando ela acordasse, ele já estivesse lá. Moacir meio sem graça explicou-lhe o que tinha acontecido e, ela confiava nele e também sabia que Moacir amava sua filha verdadeiramente.

 

Verdana compreendeu que fora um engano e a reação da filha, deve ter sido explosiva, pelo instante íntimo em que a situação se deu. Prometeu ao cunhado, a ajudá-lo com a filha.

 

Já passava um pouquinho das dez da manhã, quando Ele chegou ao edifício e, nem sequer teve coragem de olhar para o porteiro, foi direto para o seu apartamento. Luna estava tomando café, a mãe já tinha dado uma 'adoçada' nela e, ela parecia mais calma. Juli deixou o casal à sós, para que pudessem se entender. Pegou as criançaa e os levou para dar uma volta e almoçariam fora com a avó Verdana, esperavam que nesse bom tempo eles enfim, se entendessem.

 

Moacir perguntou à Luna, se ele podia falar e ela aquiesceu. Ele jurou o seu amor por ela, reafirmou que havia sido apenas um engano, indigesto ele entendia, mas, jamais a trocaria por mulher alguma, ela era a mulher da sua vida, pra sempre, o engano se deu, porque o dia na empresa tinha sido tenso, com as cobranças das metas propostas pela diretoria e, o nome da moça, que saíra numa hora péssima, havia sido constantemente pronunciado, não só por ele, como também, por outras pessoas no escritório, haja visto que os arquivos eram a função dela. Foi um erro nefasto é claro, talvez ele não estivesse inteiramente em paz quando estavam no quarto, o dia tumultuado e estressante do trabalho, sem que está fosse a intenção dele, havia se deitado com eles, pediu milhões de desculpas, abraçou e beijou Luna inúmeras vezes e, enfim, se acertaram. Como estavam sozinhos, se amaram com tranquilo furor. 

 

Quando Juli e a família chegaram, a casa estava em paz, os filhos eram muito novinhos e, já tinham se esquecido da confusão da noite anterior. Moacir pediu à sogra que solicitasse ao porteiro, que trouxesse as suas coisas de volta para o apartamento e, a pedido de Luna, foram juntos aos pulinhos, pelo menos até o elevador rsss... para comprar uma nova imagem de São Longuinho, afinal, a confiança perdida havia voltado.

 

 

 

 

 

 

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 03/06/2023
Reeditado em 04/06/2023
Código do texto: T7804816
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.