O AMOR NÃO SABE ESPERAR

- Eu queria ser a primavera para habitar num jardim de flores. - Disse Frederick Blum ao fechar o livro de poesia da portuguesa Florbela Espanca e contraindo sobre seu toraques num suspiro lendo.

- Hum! - Sorrio Mário Henrique.

- Estais a sorrir porque não sabes o que seja o amor. - Levantou-se, colocou o livro sobre a mesa do terraço e continuou: - Eu, no entanto, amo intensamente a vida como se eu fosse uma borboleta! - Sentou-se, sorriu para o amigo, bebeu um pouco de chá mate gelado.

- Realmente estás mesmo apaixonado. - Ironizou - vejo que os poemas da Florbela Espanca te deixa mais profundo. - Aproximou-se, olhou para uma caixa de ferramenta próximo a escadaria e pecou a tessoura para poudar outra roseira, olhou nos olhos do amigo: - A vida é feita de ilusões...

- Ilusões? - Interrompeu Frederick perguntando.

- Sim. A vida é feita de Ilusões. Sempre que estás a leres poemas ficas como se estivesse nas nuvens, busca até frases nessa mente delirante para dar certeza do que falas.... - Apontou o indicador para o amigo.

- Estou apaixonado. - Riu, perguntou: - Queres um pouco de chá? - O amigo fez mensão que não, proseguiu: - Na verdade, nós temos o direito de amar e ser amado, eu não estou amando os poemas, estou desejando-o a algum tempo... - Levantou-se - E se esse meu dizer é uma ilusão porque te sinto nós meus braços, responde-me? - Frederick estava expressando sinceramente todo sentimento que estava latente na alma. O amigo só o olhava adimirando-o. E, ele movimentava-se, gesticulava, trêmulo, desabafava: - Eu apenas te sinto em tudo que faço. E em tudo que tu fazes eu te sinto, homem, me diz se te amar é uma inverdade, diz? - Frederick se aproximou, olhou-o profundamente e concluiu: - Queria eu beijar teus lábios. Sentir teu cheiro suado mais latente. Abracar-te...

- O amor não sabe esperar. - Mário Henrique fechou os olhos sentiu a brisa orvalhada circundando-o lentamente como uma pluma que cai de leve e oscilando, sentiu o perfume do amigo acusar os sentidos. Deixou a tesoura cair e abriu lentamente os olhos que estavam turvos com a voz rouca e salivando, disse: O amor não pode esperar.

- A ilusão existe neste momento? - Perguntou Frederick Blum.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 20/05/2023
Código do texto: T7793243
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