O diálogo dos feridos.

Enquanto tento carregar na internet ruim, as cifras de uma música qualquer, de um cantor popular. Pego-me pensando nela, e observo o seguinte diálogo entre meu cérebro e meu coração:

– Talvez seja tempo – disse meu coração, desabafando para si – de deixar-la finalmente ir.

Percebendo o ar melancólico do coração, o cérebro não perdeu a oportunidade de dar mais uma das suas alfinetadas intelectuais…

– É mas meu pequeno amigo pulsante – disse num ar debochado o cérebro – ela já está mais aqui há um tempo.

– você pode ter visto ela ir – respondeu o órgão cardíaco – mas aqui dentro de mim ela nunca deixou de estar, fiz da morada mais linda pra ela, eu batia duas vezes mais por dia, somente para manter-la dentro de mim. Ela pode até ter lhe deixado, mas eu nunca a deixei, pois ela se tornou a razão principal dos meus batimentos. Ao amanhecer e acordar, dançava ao som da música favorita dela, para que ela despertasse bem e feliz para o dia. E a noite, eu fazia o mesmo, mas para as nossas músicas, embalando nosso amor com elas, mas temo que nada disso faça mais sentido…

E um silêncio incômodo pairou no ar, nem mais uma palavra foi dita de nenhum dos órgãos. O coração passou a bater mais devagar ainda aflito com tudo, e o cérebro ficou a devanear. E o site, bem, o site carregou…