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Gêmeos univitelinos: tão iguais, tão diferentes
Na flor da adolescência, aos 17, Carlos Antônio (Tonka) e Carlos Henrique (Caíque) são gêmeos univitelinos típicos – extremamente parecidos. Essa incrível semelhança física, não esconde comportamentos e atitudes diferentes... e divergentes.
Caíque é mais extrovertido e zuadento. Arrogante mesmo! Gosta de se vangloriar das suas qualidades pessoais. Está sempre relembrando e valorizando os próprios feitos e conquistas. É chegado a 'sacanear' colegas ou diminuir méritos de quem não vai com a cara.
Tonka é tímido e reservado. Pouco confiante em seu potencial! Gentil e atencioso com todos, tem na simplicidade seu perfil mais representativo. Por ter nascido três horas depois, muitas vezes é chamado de 'retardado' pelo próprio irmão.
Complicações no parto, quase tiraram a vida da mãe e do segundo bebê. Essa situação, gerou a primeira grande diferença entre ambos: resgistro de nascimento com datas diferentes.
Certa vez, em momento de altercação, Caíque atacou maldosamente o irmão, com acusação inverossímil: "Tonka... além de retardado, quase matou nossa mãe! Nasceu trazendo problemas! É um perdedor nato!".
E as diferenças se acentuaram com o decorrer do tempo. Caíque nunca foi muito de se debruçar sobre livros, embora tenha habilidades de oratória e negociação. É capaz de decorar números e datas com enorme facilidade. Pratica atletismo regularmente, destacando-se no futebol, basquete, boxe, artes marciais e esportes radicais. Tem o corpo mais malhado e musculoso, entre os gêmeos
Tonka... sempre estudioso, adora literatura, cinema, física, matemática, biologia, etc. Gosta de esportes mais leves. Abomina violência e radicalismos. Futebol, natação e jogging são as atividades físicas mais usuais e prazerosas.
Desde que nasceram, convivem como água e óleo no mar. Estão sempre juntos; não se misturam nunca. Tonka é fã de rock, MPB e música clássica. O irmão é funkeiro, além de aficionado por rap e música eletrônica. Jogam no mesmo time da escola: um é destro e o outro canhoto. O 'vascaíno' Tonka é meio campista talentoso e de grande visão. O 'flamenguista' Caíque desponta como vigoroso zagueiro, que não alivia nenhuma bola dividida.
Com tamanhas divergências no 'modus operandi', o destino pregou-lhes a maior cilada da vida... 'amor desmesurado pela mesma menina': a sardenta e simpática ruiva, Marcinha. Vizinha que mora na casa da frente, desde a infância.
Por ser falastrão, ao decobrir a paixão do irmão pela guria, Caíque lhe disse de supetão: "Pode tirá seu cavalinho da chuva, que ela tem dono! Não dá pra competir comigo, Mané! Perdeu playboy!".
Como estudavam na mesma escola, a todo momento estavam em contato com a garota. Caíque não perdia oportunidade para azarar Marcinha e provocar o irmão. Um dia a convidava para assistir cinema; no outro, tomar sorvete ou comer pizza. E, toda vez que abusava da insistência, ouvia dela algo parecido: "Vira o disco, cara!"
Tonka... assistia passivo o assédio do sósia sobre a amada. Amargurado, incapaz de dizer o que sentia por ela, escreveu um poema sobre a insensata paixão, que o consumia todos os dias. Transcreveu-o para a última página do Caderno Escolar.
E o tempo foi passando, até que... Naquela manhã domingueira, Marcinha abriu o portão de casa. Iria jogar tênis com amigas da escola. Deparando-se com os gêmeos, no outro lado da rua, dirigiu-se até onde estavam:
___ É seu dia de sorte, Marcinha! (Caíque ... com seu costumeiro galanteio)
___ Por que mesmo? Tô curiosa!
___ Vô contá um sonho maravilhoso de meu pai ... e foi contigo! (Caíque ... em tom misterioso)
___ Qual mesmo? Posso sabê? (Ela ... ainda mais curiosa)
___ Sonhô 'cê' se tornando nora dele! Acredita? (Caíque ... jogando charme)
___ Hummmmm ... Acredito sim! (Ela ... estratégica)
___ Uauuuu ... mesmo? (Caíque ... bem animado)
___ Sabe por que nunca aceitei teus convites, Carlos Henrique? (Ela ... o encarando de frente)
___ Valorizando o passe? Tá na cara! (Caíque... rindo)
___ Teu pai tem razão! Sou candidata a nora dele, sim... sempre fui apaixonada por teu irmão! (Ela ... revelando seu grande segredo na vida)
___ Como? O quê? Tá brincando comigo! (Caíque ... indignado, sem acreditar no que ouviu)
___ Desde quando ele subia na mangueira, pra me vê brincá de amarelinha! (Ela ... sustentando o que dissera)
___ Quer que acredite nisso, hein? (Caíque ... atordoado)
___ Se Carlos Antônio declamasse o poema, que li (escondida) no seu Caderno Escolar, me jogaria em seus braços! (Ela ... olhando para um incrédulo Tonka)
___ Tá brincando comigo, né? Tá me zoando mesmo! (Caíque ... em tom de desespero)
___ Nunca fui tão sincera ... Meu coração já tem dono, querido cunhado! (Ela ... suspirando apaixonada)
Depois ... olhando dentro dos olhos castanhos de Tonka, Marcinha indagou-lhe ansiosa: — Seu tonto ... quando vai me pedir em namoro?
Post Scriptum
"Gêmeos univitelinos são conhecidos popularmente como gêmeos idênticos ou gêmeos iguais. Formam-se quando o mesmo óvulo é fecundado pelo mesmo espermatozoide, sofrendo divisão posterior. Os gêmeos idênticos possuem mesma carga genética (DNA) e mesmo sexo. Curiosamente, jamais possuem as mesmas impressões digitais. Explicação científica para esse fenômeno: dentro do útero, têm contatos com partes diferentes"