BEM-ME-QUER OU MALMEQUER- COM UM BÔNUS SURREALISTA DA ROSEIRA FALANTE E DO PATO DESPENADO
A roseira não tem mais rosa alguma. Toda a beleza que outrora havia, foi-se. Jaz ali um monte de folhas e graveto, por pouco Olivedos não lhes arancou as folhas também.
Passou a tarde toda naquela brincadeira do mal-me-quer... Coisa de criança, mas Olivedos não era mais.
Adulto. Ensino médio completo, trabalhador na mercearia de dona Zefa. Dono de si. O "si" é o pronome oblíquo do caso reto referente a ele mesmo, porque o Si, de Silvinha, ele bem que quisera ser dono.
Mas, nem na sorte das florzinhas ela era dele.
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Pagando o pato
Mas não iria ficar assim. Não mesmo. Pensou a roseira consigo. Olivedos fez isso comigo, eu tenho que fazer...
Qua...
Qua...
Qua...
"Mas, quem vem ali? O pato do Olivedos..." A roseira sem rosa colocou-se a se balançar. Só as folhinhas poucas e uns galhos retorcidos. "Se ao menos ventasse..." pensa a roseira.
Por sorte, o destino quis que o pato passasse pertinho dela. Não deu outra. A roseira o agarrou. O trouxe para dentro dos seus ramos e começou.
Só se ouviam os gritos do Pato. Era um "qua, qua, qua" sem fim. Correu dona Zefa para ver o que era aquilo. "Quem tá matando o Pato de Olivedos?"
Foi bem na hora que o Pato saiu de dentro da roseira. Totalmente despenado. As penas, a roseira pegou-as todas. Fez uma bela "peruca" branca e cinza. As outras roseiras que perguntassem, ela só responderia que era a última moda de Paris.
Daria para quebrar o galho até próxima primavera.
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