OS TRÊS SOLITÁRIOS, mas, nem tanto...dedicado aos poetas CasMil, LuisaZacarias e Ferreira Estevão e outros amigos recantistas)

 

filhotes-bengal - Gatos em Gatos - Armazém Automotivo

 

 

Vamos começar com a ambientação, anos trinta, Portugal, Ponte de Lima à beira do rio Minho, berço de vinho verde, com festas nas Novas Feiras, sempre às segundas semanas de Setembro, lugar calmo, bucólico e com um charmoso armazém, cujos os donos eram os três solitários lusitanos CasMil, Luisa Zacarias e Estevão, solitários, mas, não sozinhos, pois tinham seus felinos companheiros de vida. A exibida gata branca Luna, que desfilava pelo balcão, para qualquer um que aparecesse por lá, a dourada Laurita muito carinhosa, a doce siamesa e sempre sonolenta Lumah, o pelado Olavo, que só gostava das moçoilas e, se não fosse contido, arranhava qualquer homem que entrasse no armazém, o cinza de olhos verdes Tonico Del, muito espevitado e brincalhão, a cinza clara, peluda e arisca Belle e o pomposo preto aveludado Moreira. Além dos produtos normais que se encontra num armazém, tinham um cantinho reservado com mesinhas, bem na frente do comércio, com prateleiras de vidro, onde podiam escolher deliciosos, pastéis de nata, arroz doce, pudim boca doce, bolinhos de bacalhau ou belas e temperadas conservas de arenque. Os Verões propiciavam um acompanhamento de uma Bussaquina de laranja. Os gatos se espalhavam pelos balcões, pelos sacos de batata, grãos e, alguns mais abusados, às vezes procuravam o aconchego dos colos das senhoras, que por lá sentassem para papear ou, beliscar uns petiscos antes das compras. Os lusitanos eram solitários por razões pessoais, mas tinham muitos fregueses amigos, que sempre paravam por lá e, as conversas eram agradáveis e divertidas. Os amigos lusitanos e seus filhinhos amados, residiam numa casa confortável e aconchegante, com quatro quartos e uma casinha pequenina anexa, onde moravam seus empregados, a gorda e risonha Cristina Gaspar e o marido Moacir, que tinham uma linda gatinha amarelo rajado, de nome Nana. Ambos também ajudavam no trabalho do armazém, além dos cuidados da casa, pareciam todos uma grande família.

 

 

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Dona Augusta, muito bem trajada, toda no bege dourado, adorava conversar com CasMil, ambos adoravam escrever e, por muitas vezes compuseram poemas lindos juntos. Roberta era uma das clientes mais antigas, gostava de escrever poesias tristonhas e tinha em Luisa Zacarias, uma amiga e admiradora dos seus versos. Sempre que ela aparecia, Luisa lhe dedicava muita atenção, eram amigas e confidentes, até provocavam um pouco de ciúme em Lúcia, que era a amiga mais antiga de Roberta, mas, tudo se resolvia com sorrisos fartos, diante d’um belo pudim boca doce, acompanhado de boa conversa e, até mesmo umas belas fofocas.

 

Estevão tinha um amigo e freguês fiel, de nome Solano e, o futebol era o assunto mais discutido entre eles, às vezes se arranhavam por causa do resultado dos jogos, pois eram de times contrários, mas, um vinho verde fora de hora,  com os bolinhos de bacalhau, que Luisa preparava, sanavam qualquer contratempo, a cidade prosperava, mas, a alegria bucólica era marcante nos moradores do lugar. O Armazém do Minho, era um point de alegrias, boas risadas e delicadezas, os gatinhos eram um atrativo a parte, pois não se deixavam passar despercebidos.

 

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Luna era a gata branca mais linda do mundo, elegante e que sabia, que não tinha ninguém que olhasse para ela e, não imaginasse uma miss felina. Desfilava pelo balcão com ar de paisagem, como se estivesse numa passarela, só lhe faltavam os aplausos. A dourada e pequenina Laurita era pura doçura, sempre procurava um colo desavisado, mas, era tão carinhosa, que angariava fãs e muitos afagos. A siamesa e sempre sonolenta Lumah, adorava ficar deitada sobre os sacos de farinha, que para ela eram mais macios, ela os afofava e se deitava lânguida e, se não fosse pelos chamados dos amados donos, sequer se levantava para comer, ô soninho bom e tranquilo rsss...

 

 

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Olavo, o gato pelado, não podia ver uma moçoila ou senhora entrar no armazém, que logo se esfregava nas pernas delas, marcando território e tomando posse, muito abusado aquele gato esquisito, todo pelado, mas, era a característica da sua raça. Já os homens que lá entravam, que tomassem cuidado, ele arranhava sem dó as suas calças e, Estevão, volta e meia precisava prendê-lo no depósito, para poder atender à clientela. Só ficava manso, quando a menina Norminha aparecia e o pegava no colo, ali ele se aninhava todo e, se esquecia da freguesia masculina, era um danadinho aquele gato pelado rssss...

 

Já Tonico Del era um gato simpático, espevitado e brincalhão por demais, sempre que um grão caia no chão, ele corria, jogando o grão de um lado para o outro, numa correria louca e, logo que o grão saía da sua visão, ia em busca de um novo divertimento, normalmente, escalar as calças de Estevão ou, o avental de CasMil, o seu dono preferido. Quantas vezes, os fregueses o encontravam, sobre os ombros dele, atrapalhando às vendas, mas, eram os filhinhos de quatro patas dos solitários donos do Armazém do Minho e, muito amados.

 

 

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Falando agora sobre Belle, 'a arisca', essa era fogo na roupa, circulava pelo armazém e, também, pelos comércios e lojas mais próximos e, como era linda de viver em seu pelo farto cinza claro, muitas vezes, tentavam acarinhá-la, mas, ela era arisca e não apreciava muita pegação, corria de volta para os donos e, falante como era, fugia miando alto à beça, uma pândega aquela gata. Ela só se entendia bem com Moreira o amigo preto aveludado, meio soturno, mas, que quando se aproximava dela, ela se abria inteira para ele, que se deitava, todo largado sobre os sacos de batatas, só para receber os carinhos dela, eram muito companheiros.

 

Setembro, quando à segunda semana chegava e, vinham os três dias das Feiras Novas, a cidade de Ponte de Lima fervilhava de alegria, os festejos, com seus cortejos, feiras de quitutes e artesanato, deixava todo mundo agitado, parecia até que o rio Minho corria mais rápido, no mesmo clima de festa. Os donos do Armazém do Minho, colocavam uma barraca na feira, pois alguns cobres a mais, não faziam mal à ninguém. A banca ficava recheada de pratos de bacalhau, doces locais e outros quitutes de Luisa, além do vinho verde, que sempre era apreciado pelos turistas. Quando terminavam os três dias de festividades, os solitários meio ébrios, voltavam satisfeitos à casa, a vida voltava a rotina de conversas gostosas, em meio aos miados amorosos, dos seus amados filhinhos de quatro patas.

 

 

 

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* Imagem - fonte    (1) armazemautomotivo.com   (2 e 3) br.depositphotos.com  (4) patasdacasa.com.br   (5) petz.com.br  (6) gauchazh.clicrbs.com.br

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 23/09/2022
Reeditado em 29/09/2022
Código do texto: T7612732
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