PAZ DAS CEREJEIRAS - (dedicado à escritora Kim Akemi Hinata) - miniconto
Acordou aflita, parecia que o seu dia já acordara de mau humor. Levantou batendo os travesseiros, com fúria arrumou a cama, banhou-se como estivesse suja de esgoto, deixando a pele avermelhada. Fez um café forte como tinta, diferente do habitual chá, não comeu nada além de uns biscoitos de arroz e, ao lavar à xícara quebrou a louça. Irritada jogou fora até mesmo o pires e a colherzinha. Bufando se vestiu para o trabalho.
Quando chegou lá, os colegas estranharam o seu comportamento agressivo, mas, educado. Talvez não estivesse num bom dia, melhor deixá-la quieta. À hora do almoço, Jadel vai até um floricultura e compra uma cerejeira plantada, pois para ele, Kim era como aquelas flores, feminina, bela e tinha tanta esperança de um mundo melhor, que transbordava boas energias para os amigos. Com certeza, era só um dia de caos, como todo mundo tem. Quem sabe o presente a alegrasse e, quando a plantinha florisse, por três dias sua beleza plantaria felicidade à sua volta. Escolheu a planta por saber, que Kim morava numa casinha adorável, com um belo quintal. A reação dela foi de alegria, logo que chegou em casa, com a ajuda de Jadel que possuía uma pickup, transpôs a árvore para o solo. Aguardaria a sua floração com paciência, todos temos o nosso tempo, inclusive a natureza.
Dois anos seguiram seu curso, Kim ansiava pela época da floração. Sua alegria pensativa natural estava sempre presente. Não houve outros episódios de irritação. A florada aconteceu num Sábado à tarde, no início de um Setembro fresco. Afetiva como era, Kim convidou os amigos e colegas mais próximos, para um lanche no quintal. Cenário com muitas almofadas e alugou mesinhas baixas, tudo muito informal e com gostosuras como petiscos.
Foi linda a tarde fraterna, a beleza e o clima de paz, envolveu à todos. Até Jadel recebeu um presente inesperado, Kim lhe deu um abraço quente e doce, entrelaçando com ele, mãos e ternos olhares. Que o amor dure muitos de milhões de três dias, de plena cumplicidade.