PRIMEIRO BAILE - (dedicado à Poetisa Sonya Azevedo) - miniconto

Garganta seca, mãos geladas e os joelhos não paravam de tremer. O laço de fita que envolvia a rosa cor de chá, já estava ficando meio amassado. A ansiedade que me tomava, se continuasse, descambaria para uma situação vexatória. Primeiro encontro, primeiro baile, primeiro amor e Sonya demorando à beça pra se arrumar. Lilian, a mãe dela, já me ofereceu tantas limonadas, que mais um pouco eu me afogo.

Quase uma hora depois que eu cheguei para buscá-la, Sonya vem descendo a escada, linda num vestido azul claro, com renda abaixo dos ombros desnudos. Os cabelos castanhos cor de mel, estavam soltos e ondulados. O batom clarinho cor de boca, me lembrou um pêssego, juro pra você meu amigo Antonio, este seu parceiro Tom aqui, literalmente desafinou. Eu não sabia se elogiava, se entregava a rosa, minha cabeça embalhalhou toda e só saí do transe, quando a mãe dela me puxou, para tirar fotos de nós dois juntos.

Tenho certeza que as fotos vão mostrar, um babão de boca aberta e olhos sonhadores, que papelão, o que o Seu Alceu pai dela, devia estar pensando, sobre esse tonto com quem a filha dele vai sair?

Quando enfim consegui balbuciar alguma coisa, saiu algo do tipo você está linda!

Mas, que óbvio...ela estava maravilhosa, encantadora...muita areia pro meu caminhãozinho, ai.ai...

Saímos, o carro de aplicativo já nos esperava, nós seguimos para o baile no grêmio de mãos dadas, as dela estavam trêmulas, com certeza estava nervosa também.

Amigo Antonio, se você me perguntar as cores do salão, que tipo decoração havia, quem estava lá...não tenho a menor ideia. Para mim só existia ela, o rosto dela, o perfume suave dela, o calor do corpo colado ao meu e a boca...Ah! A boca...tinha gostinho de açúcar com canela, o baile era o primeiro, o beijo era o primeiro, mas, eu já estava em sonho, tal qual o doce...bem casado.