O bilhete
De repente a escuridão se fez na casa vazia. O escuro da noite envolveu o quarto e uma névoa sombria cobria a noite lá fora. Aqui dentro o coração batia enlouquecidamente e aos pulos, no meu peito. Havia aquela sensação de vazio e a lembrança nítida da noite passada. Não, não era um sonho, era de verdade aquele bilhete que ela encontrara, deixado, em cima da mesa da cozinha. Era uma despedida curta e fria. Não pareciam as palavras amorosas, tantas vezes ditas. Eram gélidas, eram cruéis as palavras. Quantas vezes eu reli aquele bilhete, eu não sei... Foram muitas as vezes que eu li, reli e engoli, palavra por palavra. Era o fim, era isso o que ele dizia. Agora, que o escuro se fez no meu quarto, relembro os seus olhos, a sua boca, a sua voz e me esforço para entender o que na verdade aconteceu. Ele se foi, simplesmente, sem explicações e sem despedida. Foram apenas algumas palavras, poucas e frias palavras, que atingiram como uma faca o meu coração. Me apaixonei por outra, foi o que ele disse, e estou partindo agora. Adeus! Era este o bilhete, eram estas as palavras... E, era grande a tristeza, que naquele momento eu sentia.