DECEPÇÃO DOURADA

O dia amanheceu chuvoso.

Emerson saiu para trabalhar vendo acima de si a sombra negra do seu enorme guarda-chuva. Estava animado naquela manhã. Gostava de andar à pé na chuva, sentia uma sensação de paz e aconchego. As gotas que suaves caiam provocavam um som harmonioso ao baterem no pano, como o de uma bela orquestra que o fazia sentir-se relaxado e feliz. Era vida brotando de cima para baixo. Seguiu tranquilamente pela rua com o morcegão molhado pairando sobre si.

Quando estava no centro da cidade ouviu uma gritaria vindo de cima e logo em seguida alguma coisa sólida bater em seu guarda-chuva. Mas não estava chovendo granizo! Olhou para o chão e viu que não era uma pedra de gelo, mas sim uma aliança. Estaria chovendo ouro? Voltou seu olhar para cima e viu duas pessoas na janela do prédio discutindo:

-Eu quero que você e essa aliança maldita vão para o inferno seu traidor sem vergonha. Nunca imaginei ser traída por você. Essa aliança símbolo da nossa união vai se perder por aí na chuva porque ela não vale nada mais. Tudo acabou.

O rapaz pegou a aliança e a jogou na garagem daquele prédio de dois andares. Quem sabe quando a raiva passasse aquela mulher decidisse usá-la novamente?

E seguiu pela rua pensando que caía uma chuva diferente naquela manhã, além de gotas d’agua, do alto chovia decepção dourada.