E QUANDO A PRESENÇA TE ARREPIA...? - Raul Franco

A pele tem memória. Ela sente a energia que vem de alguém familiar. E assim, desperta do cotidiano anestésico. Ela lembra do toque. Ela evidencia o pecado de se ver ao lado de quem a sabe profundamente. De quem não despiu apenas o corpo, mas a alma.

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Ela me esperava naquele restaurante japonês de Ipanema, com alguns amigos meus. Por um momento, ela pensou que eu não iria. E, talvez, eu não fosse. Não por ela. Mas naquela noite algo havia me chateado no trabalho.

Em casa, respirei profundamente, e entendi o chamado. Dentro de um táxi, eu sonhava estrelas no céu das expectativas.

E ao chegar no restaurante, vi algo que não se compara a nada nesse mundo, que é o olhar de uma mulher apaixonada. Aquele olhar distraído, que quando avista alguém especial, muda completamente. Os olhos brilham como loucos vagalumes em incessante busca.

Ela me viu. Ajeitou o cabelo, timidamente, afinal, aquela paixão estava descarada. E sorriu, não apenas com os lábios. Pude vê-la com o coração em pleno transbordamento. Sorrisos de mil léguas de intenso sentimento.

- Por um momento, pensei que você não vinha. Soube que você havia se chateado com algo - ela fala, com a voz delicada e uma certa preocupação.

- Imagina se iria perder a chance de salvar o meu dia, com a melhor presença.

Nós nos beijamos. E tínhamos a noite como parceira de um amor que se iniciava pela nossa necessidade de ser feliz de um modo feroz.

Com ela, eu me reiniciei. E pude me ver pronto pro jogo! Peles se arrepiaram. Assim, entendemos que éramos nossos.

Raul Franco
Enviado por Raul Franco em 12/07/2018
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