Ela tem se sentido só
Ela se sentia triste dentro daquela relação. Ela sabia que aquilo não a arrebatava, não provocava sensações como ela já havia experimentado. Aquela coisa do tipo: “Estou viva e amar é transformador”.
Aquela relação era pra constar, pra tirar algumas fotos para alimentar as redes sociais. Mas ela não era parte daquele sorriso como quem diz: “Sou feliz, sim, mesmo que não pareça”.
Ela levou até onde pôde, até onde deu para disfarçar que aquilo era menos do que ela precisava. Ela carecia de asas para voar novamente.
Então, depois de julho, depois de cumprir mais um semestre de relação, ela se despediu de algo que não somava, não lhe impulsionava em direção a Lua. E voltou para as tardes na Lagoa, para os amigos que a reconectavam com a sua própria história. Voltou para uma vida que tinha cores, flores e noites de risos. Sim, ela já se sentia outra mulher, tendo no coração a aurora daqueles que ousam sonhar.
Quanto aquele velho amor, o antes do antes do antes, aquele que ela deixou em alguma estação de metrô ou em um carnaval qualquer ou em uma festa onde perdeu o sapatinho de cristal… bom, esse amor era outra história… ainda causava suspiros. Era lembrança boa, como lambada na alma. Era frio na espinha que lhe tirava a calma. Era gargalhada na manhã depois de uma bela noite de prazer. Ela lembrava. E sabia que substituiu esse amor com outro que era… um paliativo? Uma tentativa de se recuperar e não sentir mais daquela forma? Ela substituiu na pressa de esquecer. Mas quando a força de algo é muito maior que nós, nem o tempo, nem o cimento de amores vis consegue apagar.
Agora ela anda por aí, pensando em perguntar por ele. Tem medo de ouvir: “Ele já tem um outro amor”.
Ela caminha lentamente e suspira ao sentar na grama e olhar os rapazes de skate a andar pela orla. Ela se sente só, mas livre outra vez.
Esperando, quem sabe, que numa curva de rodas, ele caia novamente em seu colo e diga: “Então, voltemos para o ponteiro do relógio onde nossas vidas deixaram de ser intensas”. E contariam: “1, 2 e 3…” E depois de um beijo, o Universo conspiraria outra vez. Amor! Simplesmente amor!