Naquela tarde de domingo ela levou o amante em casa para que o marido conhecesse

-Joaquim, esse é o Matheus. Matheus esse é o Joaquim – E ambos apertaram-se as mãos num comprimento tão tenso, que até os quadros na parede, tremeram um pouco.

-Muito prazer em conhecê-lo. Sonia me fala muito de você – Disse o marido.

- O prazer é meu senhor. É uma honra finalmente conhecê-lo – Respondeu o amante.

- Me desculpa a indiscrição Matheus, mas vou ser bem direto com você – Nesse momento Matheus sentiu como se fosse rachar ao meio do gelo que lhe subiu pela espinha.

-Quais são suas reais intenções com a minha esposa?

-As melhores possíveis senhor.

Joaquim era bem mais velho que Matheus, por esse motivo o tratamento por “senhor”, e não, “você”.

- Se um dia o senhor e a Sonia resolverem se separar, pretendo me casar com ela – Continuou Matheus.

- Então as coisas estão realmente sérias entre vocês dois?

- Sim senhor. A Sonia é a mulher da minha vida.

-Você sabe que Soninha e eu ainda nos amamos muito, não sabe?

- Sim, sei. Ela mesma já me disse isso inúmeras vezes. O problema entre vocês dois é o sexo, que já não funciona mais... Desculpe a minha indiscrição também – Matheus ficou encabulado.

-Essa foi à razão dessa ai ter arranjado um amante – Comentou o marido com certa magoa na voz.

-Mas, tudo bem. Nada dura ou fica duro para sempre, não é mesmo – E riram os três juntos da piada do marido.

- Você deve estar ciente também que o mais certo a ter sido feito era eu ter te matado. Mas, amo tanto minha mulher que resolvi deixa-la ser feliz. Mesmo não sendo uma felicidade proporcionada por mim. É nisso que dá casar com uma mulher bem mais jovem. Enfim, é a vida.

-É a vida – Concordou o amante.

-Alguém quer chá? – Perguntou Sonia.

-Sim – Disseram o amante e o marido ao mesmo tempo.

- Queremos meu bem – Repetiu o marido.

- Então ficamos assim. Vocês se encontram num motelzinho todas as quartas, quintas e sextas-feiras, e o final de semana é meu. Peço apenas que sejam discretos. A fama de corno não me cairia muito bem.

- Claro meu amor, seremos discretíssimos. A fama de mulher infiel também não me serviria.

- Estamos resolvidos – Disse o amante.

- Já vamos então seu Joaquim. Hoje é sexta, portanto o meu dia com a Sonia, como ficou combinada há pouco.

- Sonia você precisa de algum dinheiro? Quero você em casa antes das onze viu. Disse o marido.

-Pode deixar querido. Um dinheirinho ajudaria sim.

- boa noite.

-boa. Até à próxima.

- Até.

E saíram de mãos dadas Sonia e seu amante, com o marido observando-os se afastarem, meio cabisbaixo, encostado na porta com a xícara de chá na mão.