AS TRÊS MARIAS - SEGUNDA PARTE -
SEGUNDA PARTE
SEGUNDA PARTE
- “O sonho acabou!”
- Como?
- O sonho, meu querido... Pelo menos o meu, infelizmente, acabou!
Eu já havia ouvido aquela frase antes. “- O sonho acabou!” Fora pronunciada pelo cantor “Ringo”, vocalista do maior “Conjunto de Roque de todos os tempos”. O conjunto, após se desfazer como uma pedra de açúcar, ele revelou a um repórter:
“- O Sonho acabou!”
Foi ele que, num infeliz momento de sua vida, e, no auge de seu pedestal, revelou a um repórter: “Somos mais populares que Jesus Cristo!” Depois de haver enfatizado tamanha heresia despencou-se do alto, foi ao fundo e com ele todo o glamour.
- Ô quê, menina?
- Sim, meu querido! Acho que terei de deixá-lo!
- Mas, o que é isso agora? – Você... Acha? Quem acha, não tenha certeza!
- Eu me expressei mal. Acho, não, terei! E não me chames de menina. Eu não sou uma menina!
- E o que você é afinal, querida?
- Sou... Uma... O que se pode chamar... Mulher da vida!
- Hã !?
- Isso mesmo! Se eu tenho que lhe contar quem sou, tenho que começar com estas palavras. Nada de espanto meu querido! Sou uma prostituta! Por favor, não me espanque... Não até que te conte tudo!
- Bater em você, que até então só me tens dado carinho? Não! O que está acontecendo? É sonho ou um pesadelo?
Ela ficou imóvel. Nada falou por uns bons dois minutos. Meu Deus, que revelação espantosa! Uma prostituta que eu amo! Ela estava sentada na poltrona, enquanto eu a olhava de pé, incrédulo até àquele instante.
- Nenhum dos dois! Pesadelo, talvez! Mais sonho para mim, do que para você! Mais pesadelo para você, que para mim! O certo é que esse sonho acabou!
- Mas, como acabou? Você é uma mulher... Se assim fosse, essa era a tua profissão! Eu disse “era”. Eu te amo, vou acabar com isso em tua pobre cabeça. Que importa? O que importa, é o que você fará com tua vida de agora de por diante, comigo! Você era...
Seus olhos foram se erguendo até os meus. Apresentavam-se vermelhos e cheios de lágrimas.
- Ah! Querido meu! Obrigada! Mas, minha vida está sendo arrastada por uma mão insana...
- Mas você tem as minhas mãos! As mostrei entrelaçando-as nas suas, para que ela sentisse o calor e a força que podiam lhe dar.
- Não por muito tempo! Não tenho direitos ao amor de quem eu quero; Pertenço a um homem que me trata como uma rainha... Mas, o que ele quer mesmo, é uma prostituta a seu lado. Um louco, talvez!
- Pare com isso. Você é minha. Não sou louco, nem por “talvez!” Vamos deixar esse assunto morrer aqui e não se fala mais nele, ta?
- Não. Preciso contar-lhe tudo. A começar pelo ônibus que eu pegava lá naquele Terminal, quando o conheci.
Pronto. Começava a se enquadrar os fatos dentro de minha pobre cabeça. Por isso mesmo é que ela, até certo tempo, não me deixou segui-la. Para mim, naquela hora, foi uma letra. Entendi tudo naquele instante. Meu Deus! Como alguém entra em nossas vidas e se torna dona de tudo... Até mesmo do direito em lhe dizer “não!” Disposto a não ouvir mais nada, tentei abraçá-la, mas, ela me fez sentar-se ao seu lado.
- Vim de longe! Eu nasci na Cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Não no centro da Cidade, e sim, no interior. Estudei em bons colégios, mas, aos dezesseis anos caí nas palavras de um homem grã-fino daquelas redondezas! Pronto. Feriram-me os farpões da desgraça! Arrasou comigo! Nem mesmo meu namorado me quis, e quando soube, deu-me um soco no rosto, deixando-o roxo por vários dias! Chamou-me “Prostituta!” E não foi por dinheiro que aquilo aconteceu! Foi uma promessa de emprego, sabe? Mais criança que mulher, eu acreditei, infelizmente! A segunda vez que me encontrei com aquele homem, ele me ofereceu dinheiro. Eu estava tão pra baixo... Olhando aquele maço de notas em sua mão, pensei em sair daquele lugar. Não sem dinheiro. Meu namorado, a quem eu depositei grandes esperanças, chamou-me “prostituta”, então, levando fama sem tirar vantagens, aceitei o dinheiro daquele homem! Todos os rapazes de minha época ficaram sabendo! Por isso, sai de lá, com nojo até dos meus pais. Segui uma amiga que me levou para Vitória. Era da “pá-virada”, a pobrezinha! Depressa me atirou na prostituição. Quando percebi que ela havia se envolvido com drogas, caí fora! Vim para o Rio de Janeiro! Eu era menor de idade e ninguém me queria por perto, muito menos dentro de uma Boate. Daí, eu ficava com outras meninas perambulando pelos arredores e às vezes, parada esperando um freguês. Um dia, um homem, vendo-me ao lado de uma boate, parou seu belo carro e fez convite para eu entrar. Em seguida, levou-me para um hotel. Percebi que ele tinha seguranças... Antes de me deixar sair do hotel, mandou que um dos seus homens levasse-me a um apartamento pequeno em Botafogo. Não era uma Quitinete... Tinha quarto, sala, uma pequena varanda e a cozinha bem decorada. No mesmo dia, um dos seus homens, o mais calado, trouxe muitos pacotes de mantimentos comprados num mercado próximo, logo na primeira esquina, famoso de nome “Disco”. Abasteceu a geladeira e na compra, havia duas garrafas de uísque. Deu-me dinheiro e além de ordenar-me que o esperasse – sem sair de casa – disse-me que alguém me vigiaria e que não se preocupasse com as despesas. Não queria que eu voltasse para a boate ou permanecesse nas ruas, à noite. Não entendi bem o que estava acontecendo. Eu me dispus a ver televisão e a novela “Irmãos Coragem” e atendi a sua ordem. Não saí. Prá que? Antes, eu morava num quarto, apertado, com quatro garotas e duas camas, onde nós levávamos os fregueses. Nem as procurei. Tive medo de que elas viessem e se alojassem naquela linda quitinete. Três dias depois, ele apareceu e fez a proposta de segui-lo para Minas Gerais; Para sua Fazenda. Mas, não me deu opções. Fez o convite com uma ordem imperativa. Levou-me a uma Loja, comprou-me roupas caras, deu-me joias, enfeitou-me toda e fiquei parecendo uma princesinha. A princípio, eu gostei. Eu estava tão bem arrumada que mais parecia uma menina da alta sociedade! Não me considerava mais uma prostituta. Cansada de levar soco no olho, jogada na vida, aceitei. Esse homem falava comigo, apenas o necessário. Não tinha diálogos com ele. Tratava-me como uma princesa, mas... Não era o amor de minha vida! Não era ele que eu queria! Lembro-me que, ao sair do prédio, o porteiro me cumprimentou; que, entrei no carro, sentei-me ao seu lado e o motorista começou a deslizar pela Cidade, até alcançarmos a alta estrada. O carro parecia voar, de tão macio. Paramos em um aeroporto e entramos num pequeno avião. Tive medo, mas ele olhou-me sério, deixando claro de que poderia confiar nele. Entrei no aparelho que mais parecia, por dentro, o mesmo carro que acabara de nos trazer até àquele local. Havia um perfume no seu interior e um luxo de dar prazer. O aparelho, tomando velocidade, roncou e subiu sem nenhum solavanco enquanto que eu olhava lá de cima a cidade que ia ficando para trás, vagarosamente. Não sei quantos tempos passamos no alto, sei que, depois, ele pousou numa pista e parou num outro Estado. Descemos e entramos em um carro. Paramos para almoçarmos num pequeno restaurante. Sempre acompanhado de dois homens, continuamos a viagem e não resisti ao sono. Só acordei quando o carro estacionou numa bela casa, a qual ele a chamava de Fazenda. Passei oito meses dividindo aquele homem com outra mulher mais idosa, dentro da própria casa. Como eu, ela também havia sido encontrada na rua. Aceitei calada, mas, um dia, quando ele ficou fora por um mês, aproveitei para fugir. Sem dinheiro, vendi algumas joias e ao chegar no Rio, no Bairro de Botafogo, o dinheiro acabou porque tive de alugar uma vaga. Só Deus sabe o quanto procurei emprego... Mas, não conseguia por nada. Aliás, fugi com as joias que ele havia me permitido usar dentro daquele casarão. Daí, caí na prostituição. Eu não sabia que o homem era vidrado em mim! Encontrou-me, quase seis meses depois. Com muito rancor, disse-me que havia mandado me procurar por toda Guanabara; depois, abrandando a voz, disse-me que eu não cometesse mais aquele ato impensado. Tremi de medo mas, vendo que ele me tratava bem e com carinho, aceitei. Comigo, não era violento. Fez-me a mesma proposta no mesmo apartamento de Botafogo. Aceitei, com uma condição. De que ele me presenteasse aquele apartamento de “Papel passado e que eu não mais encontraria sua antiga mulher na fazenda.” Ele prometeu sem contestar. Já nesta época, eu completara dezoito anos. Meu único documento era uma certidão de nascimento a qual eu guardava cuidadosamente, porque, minha carteirinha do colégio, quando me deitara com um rapaz para servi-lo, ele saiu do quarto enquanto eu dormia, cheia de cansaço, sem me pagar, levando com ele um cordão de ouro e minha carteirinha onde eu guardava o dinheiro. Com esta Certidão, felizmente dei entrada no meu documento que foi a carteira de Identidade do Félix Pacheco e, de posse daquele Imóvel, assinado por mim, sem nenhum truque, ele sorriu, dizendo que eu já era proprietária de um imóvel. Visitava-me sempre à noite, deixando um homem, lá em baixo, junto com o porteiro, à minha disposição. Nunca lhe perguntava nada, muito menos onde ele morava aqui no Rio. Aceitava tudo calada. Mas, sempre tive medo dele. Vivia cercado de homens armados e estranhos. Voltei com ele e encontrei uma piscina à minha espera. A mulher de antes, não mais habitava aquela casa. Um dia, ele chegou irritado com o “quê”, não sei, e deu-me um soco. Meu olho ficou roxo! Meu Deus... – Pensei. – Será que meu destino é levar socos e logo no olho esquerdo! Foi à gota d'água que faltava! Assim que ele se ausentou por uns dias, fiz o que havia feito anteriormente: Montei num bom cavalo e fugi. Parei numa tendinha, vendi o cavalo para quem, não sei, e peguei carona na estrada – eu já havia feito aquilo antes. Desta vez, o caminhoneiro exigiu muito dinheiro avisando-me de que pararia num posto Policial e... Você sabe. Aceitei sem condições de reclamar; e pensando ser somente aquilo, ainda tive que manter uma relação sexual com ele, senão... Cheguei com pouco dinheiro ao Rio. Desta vez, levei todas as joias as quais vendi assim que betei o pé no imóvel. O apartamento, o mesmo corretor que me comprara, vendeu-me outro, ali por perto. Depois de bem acomodada, ainda com algum dinheiro, pretendi arrumar um emprego. Desta vez não foi difícil. Passei a trabalhar honestamente. Mas, estava me faltando alguma coisa. E nos dias de sexta, sábado e domingo, eu frequentava umas boates;só por frequentar. Não havia razões de me prostituir. E numa sexta feira, eu deveria me encontrar com uma amiga numa Boate... E foi assim que te tive a felicidade de conhecê-lo, porque precisava pegar o ônibus!
Parou de falar. Depois, perguntou-me:
- Por que você está tão calado? Não acredita em mim... Vai me bater também?
- Não minha querida, mas, você frequentava aquela Boate e conseguia fregueses, mesmo depois de fazer amor comigo?
- Não! Como já disse, não havia necessidade de continuar me prostituindo. Eu já trabalhava, Desde a primeira vez que te vi tudo mudou em minha vida! Eu trabalhava e ficava em casa descansando. Vi que você era a minha trava. “A mulher, só sente prazer com o homem que ela quer para ela. Que ela deseja! Por isso, senti algo estranho, como nunca havia sentido em minha vida. Resolvi desprezar a tudo e a todos e ser somente sua! Mas vejo que não posso ficar contigo!”
- E qual o motivo?
-Esse homem já me encontrou. E ele há de levar-me outra vez, mesmo contra a minha vontade.
- Podemos fugir... Peço transferência para um Estado distante... A Empresa em que trabalho é grande...
- Não posso... Não posso! - Fez-me calar, levando sua perfumada mão à minha boca e completou: - Ele ameaça minha família, além do mais, já sabe que moro contigo, que durmo aqui e por tudo, tenho medo também por você. Conversou comigo. Perdoou-me e não fala muito sobre o assunto. Disse-me que lhe faço muita falta...
Aí, vi o caldo entornar! Fiquei calado e pensativo. Ela ajeitou-se em meu colo, como sempre o fazia e chorou muito. Deitou-se ao meu lado e dormiu. Fiquei olhando aquela pequenina em seu sono tranquilo. Tranquilo... Será? – Não sei! Por tudo que ouvi, o que teria se passado em sua cabeça até dormir? Deitei-me ao seu lado e assim que ela sentiu meu calor, beijou-me e fez amor comigo. Como se fosse sua última vez! Era um corpo suave, um beijo doce, uma penetração que eu nunca havia sentido até àquele dia! Levantou-se e pôs um disco para rodar. Fiquei ouvindo a voz de Roberto Carlos, até dormir. Nosso amor era assim, mesmo depois do que soube – Tal qual o de um casal!
Era domingo, acordei sobressaltado e gritei por ela. Não ouvi sua resposta e levantei-me apressado, encontrando-a saindo do banheiro, enrolada a uma toalha. Beijou-me e sorriu.
- Você me assusta! Disse-me ela.
Mergulhei naquele sorriso de mulher e menina. A mesa estava posta, com os Pãezinhos que ela já havia comprado na padaria ao lado. Era seu costume quando aqui permanecia. Tomamos nosso café, despreocupados, porém, envolvidos por um silêncio entre nós dois. Parecia que alguma coisa estaria para acontecer. Meu coração batia forte. Algo que pressentia no ar. O que tem ele? Será? – Não sei! Acho que vou a um cardiologista. Enquanto pensava, ela sentou-se em meu colo, como sempre e beijou-me. Beijou-me outra vez e carinhosa, me revelou:
- Só a você, beijo na boca! Aprendi com meu primeiro namorado! Depois que ele me bateu no rosto, cuspi seu beijo. Jurei que nunca mais beijaria um homem senão por amor. Nem por dinheiro! Se algum deles tenta beijar-me a força, cuspo fora ou dispenso quem quer que seja. Alguns homens sabem que prostitutas não beijam na boca; já outros, batem, e ainda não pagam. O que fazer, somos mulher... encabeçamos o famoso Sexo frágil!
- Mas você faz amor comigo sem preservativo! - Você não tem medo de se engravidar?
- Não. Você é diferente! Mostro com isso, que só amo a você. Uso... Usava preservativo com todos e quando não o tinha, saia fora, nada fazia. Caí na vida, mas não me descuidei! Acredite em mim... Eu te amo! Te amei desde a primeira vez que te vi naquela fila. Continuei te amando sem que você soubesse e sem saber também quem era você. Te amei intensamente! Te amei calada, com medo de que fosses casado e ver meu sonho escorrer por minhas mãos vazias! Te amei ainda mais depois daquele nosso primeiro beijo! Por favor, não fique calado, diga alguma coisa! Tenho medo da ausência de tuas palavras!
- Mas você pegava o ônibus...
- Sim. Eu entrava naquele ônibus, descia na Rodoviária Novo Rio e voltava de táxi para Botafogo. Quando senti que poderia haver um possível entendimento entre nós dois, não voltei mais para a Boate, onde eu me encontrava com uma amiga. Ela sabe de nos dois! Nunca meu coração bateu tão forte por alguém! Amo você, desesperadamente, acredite-me! Amo você porque você nada sabia a meu respeito! Você me tratou com dignidade. Até mesmo agora, tem respeito a minha dor!
- Não quero que partas! Não quero te perder!
- Não posso ficar meu querido! Temo por você. Por minha família. Temo por mais alguém. Nesses últimos meses, procurei um médico para resolver o meu problema. Meu útero é infantil. Só não sabia que seria assim, tão de repente!
- Como, de repente?
- Tenho um pedacinho de você dentro de mim, que cresce, dia a dia! Pretendia te contar mais para frente... Porém...
Fiquei parado, olhando-a sem nada dizer. Que mulher maravilhosa! Eu serei papai e estarei definitivamente proibido de ver o que dela me viria. Que fazer! Nosso diálogo terminou. Saiu de meu colo, vestiu-se rápida e usou o perfume da “Coty “Promessa”, e toda a sala, quarto ou outros lugares da cassa em que ela havia passado, entranhou-se por muito tempo. Ao sair do quarto, entregou-me uma caixa bem embrulhada com papel dourado e mandou-me abri-la. Era um perfume da “Athykinson – Miss france” – Tomou-me o vidro das mãos, abriu-o e fez espargir sobre mim o líquido, enquanto dizia – Quero voltar... Enquanto houver esse perfume inebriante marcando minha presença, aqui, é sinal de que voltarei! E completou - Obrigada por não ter me batido! Por ter me dado somente carinho! Vou, porque desta vez, tenho motivos para não deixar mais aquele lugar. Não, por enquanto. Esse filho é mais dele do que seu! Será a minha salvação! Por causa dele, minha vida vai mudar e lhe darei notícias! Esse homem casa-se comigo, num estalar dos dedos. Mas, tem um sério problema no coração. Você espera por mim?
E antes de lhe dizer alguma palavra, ela abriu a porta e olhou para fora. Voltou-se, e, me fez ver dois homens parados ao lado de um carro. Meu Deus! Tudo foi muito rápido, deixando-me perplexo. Nada pude fazer. Seu corpo desceu os três degraus da varanda e passou pelos canteiros de rosas, acariciando uma delas. Ao chegar perto do carro, um homem saiu da parte de trás e lhe abraçou. Ao entrar, acenou-me, timidamente com a mão e o veículo deu partida. Nada pude fazer. Ai foi que agradeci a Deus, por ela ter sido minha, mesmo por tão pouco tempo! Sentei-me no primeiro degrau da cassa e chorei. Chorei muito!
Naquele instante, parou outro carro ao lado de minha casa, e dele desceu o meu amigo Delegado. Espantei-me. Mas, ao vê-lo sorrindo, parei de chorar imaginando o que seria.
- É o que estou pensando? – Perguntei-lhe.
- Sim! Respondeu-me cheio das alegrias. - Você ganhou! Você ganhou! A princesinha é sua! Vamos buscá-la amanhã!
Ao ouvir aquelas palavras, agradeci mais uma vez a Deus. “Deste-me a primeira, Senhor, mas, terei de viver com paciência, esperando-a; recusei a segunda por motivos óbvios, mas, ganhei a terceira, por definitivo!”
= = = = = = = = = = = = =
- Como?
- O sonho, meu querido... Pelo menos o meu, infelizmente, acabou!
Eu já havia ouvido aquela frase antes. “- O sonho acabou!” Fora pronunciada pelo cantor “Ringo”, vocalista do maior “Conjunto de Roque de todos os tempos”. O conjunto, após se desfazer como uma pedra de açúcar, ele revelou a um repórter:
“- O Sonho acabou!”
Foi ele que, num infeliz momento de sua vida, e, no auge de seu pedestal, revelou a um repórter: “Somos mais populares que Jesus Cristo!” Depois de haver enfatizado tamanha heresia despencou-se do alto, foi ao fundo e com ele todo o glamour.
- Ô quê, menina?
- Sim, meu querido! Acho que terei de deixá-lo!
- Mas, o que é isso agora? – Você... Acha? Quem acha, não tenha certeza!
- Eu me expressei mal. Acho, não, terei! E não me chames de menina. Eu não sou uma menina!
- E o que você é afinal, querida?
- Sou... Uma... O que se pode chamar... Mulher da vida!
- Hã !?
- Isso mesmo! Se eu tenho que lhe contar quem sou, tenho que começar com estas palavras. Nada de espanto meu querido! Sou uma prostituta! Por favor, não me espanque... Não até que te conte tudo!
- Bater em você, que até então só me tens dado carinho? Não! O que está acontecendo? É sonho ou um pesadelo?
Ela ficou imóvel. Nada falou por uns bons dois minutos. Meu Deus, que revelação espantosa! Uma prostituta que eu amo! Ela estava sentada na poltrona, enquanto eu a olhava de pé, incrédulo até àquele instante.
- Nenhum dos dois! Pesadelo, talvez! Mais sonho para mim, do que para você! Mais pesadelo para você, que para mim! O certo é que esse sonho acabou!
- Mas, como acabou? Você é uma mulher... Se assim fosse, essa era a tua profissão! Eu disse “era”. Eu te amo, vou acabar com isso em tua pobre cabeça. Que importa? O que importa, é o que você fará com tua vida de agora de por diante, comigo! Você era...
Seus olhos foram se erguendo até os meus. Apresentavam-se vermelhos e cheios de lágrimas.
- Ah! Querido meu! Obrigada! Mas, minha vida está sendo arrastada por uma mão insana...
- Mas você tem as minhas mãos! As mostrei entrelaçando-as nas suas, para que ela sentisse o calor e a força que podiam lhe dar.
- Não por muito tempo! Não tenho direitos ao amor de quem eu quero; Pertenço a um homem que me trata como uma rainha... Mas, o que ele quer mesmo, é uma prostituta a seu lado. Um louco, talvez!
- Pare com isso. Você é minha. Não sou louco, nem por “talvez!” Vamos deixar esse assunto morrer aqui e não se fala mais nele, ta?
- Não. Preciso contar-lhe tudo. A começar pelo ônibus que eu pegava lá naquele Terminal, quando o conheci.
Pronto. Começava a se enquadrar os fatos dentro de minha pobre cabeça. Por isso mesmo é que ela, até certo tempo, não me deixou segui-la. Para mim, naquela hora, foi uma letra. Entendi tudo naquele instante. Meu Deus! Como alguém entra em nossas vidas e se torna dona de tudo... Até mesmo do direito em lhe dizer “não!” Disposto a não ouvir mais nada, tentei abraçá-la, mas, ela me fez sentar-se ao seu lado.
- Vim de longe! Eu nasci na Cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Não no centro da Cidade, e sim, no interior. Estudei em bons colégios, mas, aos dezesseis anos caí nas palavras de um homem grã-fino daquelas redondezas! Pronto. Feriram-me os farpões da desgraça! Arrasou comigo! Nem mesmo meu namorado me quis, e quando soube, deu-me um soco no rosto, deixando-o roxo por vários dias! Chamou-me “Prostituta!” E não foi por dinheiro que aquilo aconteceu! Foi uma promessa de emprego, sabe? Mais criança que mulher, eu acreditei, infelizmente! A segunda vez que me encontrei com aquele homem, ele me ofereceu dinheiro. Eu estava tão pra baixo... Olhando aquele maço de notas em sua mão, pensei em sair daquele lugar. Não sem dinheiro. Meu namorado, a quem eu depositei grandes esperanças, chamou-me “prostituta”, então, levando fama sem tirar vantagens, aceitei o dinheiro daquele homem! Todos os rapazes de minha época ficaram sabendo! Por isso, sai de lá, com nojo até dos meus pais. Segui uma amiga que me levou para Vitória. Era da “pá-virada”, a pobrezinha! Depressa me atirou na prostituição. Quando percebi que ela havia se envolvido com drogas, caí fora! Vim para o Rio de Janeiro! Eu era menor de idade e ninguém me queria por perto, muito menos dentro de uma Boate. Daí, eu ficava com outras meninas perambulando pelos arredores e às vezes, parada esperando um freguês. Um dia, um homem, vendo-me ao lado de uma boate, parou seu belo carro e fez convite para eu entrar. Em seguida, levou-me para um hotel. Percebi que ele tinha seguranças... Antes de me deixar sair do hotel, mandou que um dos seus homens levasse-me a um apartamento pequeno em Botafogo. Não era uma Quitinete... Tinha quarto, sala, uma pequena varanda e a cozinha bem decorada. No mesmo dia, um dos seus homens, o mais calado, trouxe muitos pacotes de mantimentos comprados num mercado próximo, logo na primeira esquina, famoso de nome “Disco”. Abasteceu a geladeira e na compra, havia duas garrafas de uísque. Deu-me dinheiro e além de ordenar-me que o esperasse – sem sair de casa – disse-me que alguém me vigiaria e que não se preocupasse com as despesas. Não queria que eu voltasse para a boate ou permanecesse nas ruas, à noite. Não entendi bem o que estava acontecendo. Eu me dispus a ver televisão e a novela “Irmãos Coragem” e atendi a sua ordem. Não saí. Prá que? Antes, eu morava num quarto, apertado, com quatro garotas e duas camas, onde nós levávamos os fregueses. Nem as procurei. Tive medo de que elas viessem e se alojassem naquela linda quitinete. Três dias depois, ele apareceu e fez a proposta de segui-lo para Minas Gerais; Para sua Fazenda. Mas, não me deu opções. Fez o convite com uma ordem imperativa. Levou-me a uma Loja, comprou-me roupas caras, deu-me joias, enfeitou-me toda e fiquei parecendo uma princesinha. A princípio, eu gostei. Eu estava tão bem arrumada que mais parecia uma menina da alta sociedade! Não me considerava mais uma prostituta. Cansada de levar soco no olho, jogada na vida, aceitei. Esse homem falava comigo, apenas o necessário. Não tinha diálogos com ele. Tratava-me como uma princesa, mas... Não era o amor de minha vida! Não era ele que eu queria! Lembro-me que, ao sair do prédio, o porteiro me cumprimentou; que, entrei no carro, sentei-me ao seu lado e o motorista começou a deslizar pela Cidade, até alcançarmos a alta estrada. O carro parecia voar, de tão macio. Paramos em um aeroporto e entramos num pequeno avião. Tive medo, mas ele olhou-me sério, deixando claro de que poderia confiar nele. Entrei no aparelho que mais parecia, por dentro, o mesmo carro que acabara de nos trazer até àquele local. Havia um perfume no seu interior e um luxo de dar prazer. O aparelho, tomando velocidade, roncou e subiu sem nenhum solavanco enquanto que eu olhava lá de cima a cidade que ia ficando para trás, vagarosamente. Não sei quantos tempos passamos no alto, sei que, depois, ele pousou numa pista e parou num outro Estado. Descemos e entramos em um carro. Paramos para almoçarmos num pequeno restaurante. Sempre acompanhado de dois homens, continuamos a viagem e não resisti ao sono. Só acordei quando o carro estacionou numa bela casa, a qual ele a chamava de Fazenda. Passei oito meses dividindo aquele homem com outra mulher mais idosa, dentro da própria casa. Como eu, ela também havia sido encontrada na rua. Aceitei calada, mas, um dia, quando ele ficou fora por um mês, aproveitei para fugir. Sem dinheiro, vendi algumas joias e ao chegar no Rio, no Bairro de Botafogo, o dinheiro acabou porque tive de alugar uma vaga. Só Deus sabe o quanto procurei emprego... Mas, não conseguia por nada. Aliás, fugi com as joias que ele havia me permitido usar dentro daquele casarão. Daí, caí na prostituição. Eu não sabia que o homem era vidrado em mim! Encontrou-me, quase seis meses depois. Com muito rancor, disse-me que havia mandado me procurar por toda Guanabara; depois, abrandando a voz, disse-me que eu não cometesse mais aquele ato impensado. Tremi de medo mas, vendo que ele me tratava bem e com carinho, aceitei. Comigo, não era violento. Fez-me a mesma proposta no mesmo apartamento de Botafogo. Aceitei, com uma condição. De que ele me presenteasse aquele apartamento de “Papel passado e que eu não mais encontraria sua antiga mulher na fazenda.” Ele prometeu sem contestar. Já nesta época, eu completara dezoito anos. Meu único documento era uma certidão de nascimento a qual eu guardava cuidadosamente, porque, minha carteirinha do colégio, quando me deitara com um rapaz para servi-lo, ele saiu do quarto enquanto eu dormia, cheia de cansaço, sem me pagar, levando com ele um cordão de ouro e minha carteirinha onde eu guardava o dinheiro. Com esta Certidão, felizmente dei entrada no meu documento que foi a carteira de Identidade do Félix Pacheco e, de posse daquele Imóvel, assinado por mim, sem nenhum truque, ele sorriu, dizendo que eu já era proprietária de um imóvel. Visitava-me sempre à noite, deixando um homem, lá em baixo, junto com o porteiro, à minha disposição. Nunca lhe perguntava nada, muito menos onde ele morava aqui no Rio. Aceitava tudo calada. Mas, sempre tive medo dele. Vivia cercado de homens armados e estranhos. Voltei com ele e encontrei uma piscina à minha espera. A mulher de antes, não mais habitava aquela casa. Um dia, ele chegou irritado com o “quê”, não sei, e deu-me um soco. Meu olho ficou roxo! Meu Deus... – Pensei. – Será que meu destino é levar socos e logo no olho esquerdo! Foi à gota d'água que faltava! Assim que ele se ausentou por uns dias, fiz o que havia feito anteriormente: Montei num bom cavalo e fugi. Parei numa tendinha, vendi o cavalo para quem, não sei, e peguei carona na estrada – eu já havia feito aquilo antes. Desta vez, o caminhoneiro exigiu muito dinheiro avisando-me de que pararia num posto Policial e... Você sabe. Aceitei sem condições de reclamar; e pensando ser somente aquilo, ainda tive que manter uma relação sexual com ele, senão... Cheguei com pouco dinheiro ao Rio. Desta vez, levei todas as joias as quais vendi assim que betei o pé no imóvel. O apartamento, o mesmo corretor que me comprara, vendeu-me outro, ali por perto. Depois de bem acomodada, ainda com algum dinheiro, pretendi arrumar um emprego. Desta vez não foi difícil. Passei a trabalhar honestamente. Mas, estava me faltando alguma coisa. E nos dias de sexta, sábado e domingo, eu frequentava umas boates;só por frequentar. Não havia razões de me prostituir. E numa sexta feira, eu deveria me encontrar com uma amiga numa Boate... E foi assim que te tive a felicidade de conhecê-lo, porque precisava pegar o ônibus!
Parou de falar. Depois, perguntou-me:
- Por que você está tão calado? Não acredita em mim... Vai me bater também?
- Não minha querida, mas, você frequentava aquela Boate e conseguia fregueses, mesmo depois de fazer amor comigo?
- Não! Como já disse, não havia necessidade de continuar me prostituindo. Eu já trabalhava, Desde a primeira vez que te vi tudo mudou em minha vida! Eu trabalhava e ficava em casa descansando. Vi que você era a minha trava. “A mulher, só sente prazer com o homem que ela quer para ela. Que ela deseja! Por isso, senti algo estranho, como nunca havia sentido em minha vida. Resolvi desprezar a tudo e a todos e ser somente sua! Mas vejo que não posso ficar contigo!”
- E qual o motivo?
-Esse homem já me encontrou. E ele há de levar-me outra vez, mesmo contra a minha vontade.
- Podemos fugir... Peço transferência para um Estado distante... A Empresa em que trabalho é grande...
- Não posso... Não posso! - Fez-me calar, levando sua perfumada mão à minha boca e completou: - Ele ameaça minha família, além do mais, já sabe que moro contigo, que durmo aqui e por tudo, tenho medo também por você. Conversou comigo. Perdoou-me e não fala muito sobre o assunto. Disse-me que lhe faço muita falta...
Aí, vi o caldo entornar! Fiquei calado e pensativo. Ela ajeitou-se em meu colo, como sempre o fazia e chorou muito. Deitou-se ao meu lado e dormiu. Fiquei olhando aquela pequenina em seu sono tranquilo. Tranquilo... Será? – Não sei! Por tudo que ouvi, o que teria se passado em sua cabeça até dormir? Deitei-me ao seu lado e assim que ela sentiu meu calor, beijou-me e fez amor comigo. Como se fosse sua última vez! Era um corpo suave, um beijo doce, uma penetração que eu nunca havia sentido até àquele dia! Levantou-se e pôs um disco para rodar. Fiquei ouvindo a voz de Roberto Carlos, até dormir. Nosso amor era assim, mesmo depois do que soube – Tal qual o de um casal!
Era domingo, acordei sobressaltado e gritei por ela. Não ouvi sua resposta e levantei-me apressado, encontrando-a saindo do banheiro, enrolada a uma toalha. Beijou-me e sorriu.
- Você me assusta! Disse-me ela.
Mergulhei naquele sorriso de mulher e menina. A mesa estava posta, com os Pãezinhos que ela já havia comprado na padaria ao lado. Era seu costume quando aqui permanecia. Tomamos nosso café, despreocupados, porém, envolvidos por um silêncio entre nós dois. Parecia que alguma coisa estaria para acontecer. Meu coração batia forte. Algo que pressentia no ar. O que tem ele? Será? – Não sei! Acho que vou a um cardiologista. Enquanto pensava, ela sentou-se em meu colo, como sempre e beijou-me. Beijou-me outra vez e carinhosa, me revelou:
- Só a você, beijo na boca! Aprendi com meu primeiro namorado! Depois que ele me bateu no rosto, cuspi seu beijo. Jurei que nunca mais beijaria um homem senão por amor. Nem por dinheiro! Se algum deles tenta beijar-me a força, cuspo fora ou dispenso quem quer que seja. Alguns homens sabem que prostitutas não beijam na boca; já outros, batem, e ainda não pagam. O que fazer, somos mulher... encabeçamos o famoso Sexo frágil!
- Mas você faz amor comigo sem preservativo! - Você não tem medo de se engravidar?
- Não. Você é diferente! Mostro com isso, que só amo a você. Uso... Usava preservativo com todos e quando não o tinha, saia fora, nada fazia. Caí na vida, mas não me descuidei! Acredite em mim... Eu te amo! Te amei desde a primeira vez que te vi naquela fila. Continuei te amando sem que você soubesse e sem saber também quem era você. Te amei intensamente! Te amei calada, com medo de que fosses casado e ver meu sonho escorrer por minhas mãos vazias! Te amei ainda mais depois daquele nosso primeiro beijo! Por favor, não fique calado, diga alguma coisa! Tenho medo da ausência de tuas palavras!
- Mas você pegava o ônibus...
- Sim. Eu entrava naquele ônibus, descia na Rodoviária Novo Rio e voltava de táxi para Botafogo. Quando senti que poderia haver um possível entendimento entre nós dois, não voltei mais para a Boate, onde eu me encontrava com uma amiga. Ela sabe de nos dois! Nunca meu coração bateu tão forte por alguém! Amo você, desesperadamente, acredite-me! Amo você porque você nada sabia a meu respeito! Você me tratou com dignidade. Até mesmo agora, tem respeito a minha dor!
- Não quero que partas! Não quero te perder!
- Não posso ficar meu querido! Temo por você. Por minha família. Temo por mais alguém. Nesses últimos meses, procurei um médico para resolver o meu problema. Meu útero é infantil. Só não sabia que seria assim, tão de repente!
- Como, de repente?
- Tenho um pedacinho de você dentro de mim, que cresce, dia a dia! Pretendia te contar mais para frente... Porém...
Fiquei parado, olhando-a sem nada dizer. Que mulher maravilhosa! Eu serei papai e estarei definitivamente proibido de ver o que dela me viria. Que fazer! Nosso diálogo terminou. Saiu de meu colo, vestiu-se rápida e usou o perfume da “Coty “Promessa”, e toda a sala, quarto ou outros lugares da cassa em que ela havia passado, entranhou-se por muito tempo. Ao sair do quarto, entregou-me uma caixa bem embrulhada com papel dourado e mandou-me abri-la. Era um perfume da “Athykinson – Miss france” – Tomou-me o vidro das mãos, abriu-o e fez espargir sobre mim o líquido, enquanto dizia – Quero voltar... Enquanto houver esse perfume inebriante marcando minha presença, aqui, é sinal de que voltarei! E completou - Obrigada por não ter me batido! Por ter me dado somente carinho! Vou, porque desta vez, tenho motivos para não deixar mais aquele lugar. Não, por enquanto. Esse filho é mais dele do que seu! Será a minha salvação! Por causa dele, minha vida vai mudar e lhe darei notícias! Esse homem casa-se comigo, num estalar dos dedos. Mas, tem um sério problema no coração. Você espera por mim?
E antes de lhe dizer alguma palavra, ela abriu a porta e olhou para fora. Voltou-se, e, me fez ver dois homens parados ao lado de um carro. Meu Deus! Tudo foi muito rápido, deixando-me perplexo. Nada pude fazer. Seu corpo desceu os três degraus da varanda e passou pelos canteiros de rosas, acariciando uma delas. Ao chegar perto do carro, um homem saiu da parte de trás e lhe abraçou. Ao entrar, acenou-me, timidamente com a mão e o veículo deu partida. Nada pude fazer. Ai foi que agradeci a Deus, por ela ter sido minha, mesmo por tão pouco tempo! Sentei-me no primeiro degrau da cassa e chorei. Chorei muito!
Naquele instante, parou outro carro ao lado de minha casa, e dele desceu o meu amigo Delegado. Espantei-me. Mas, ao vê-lo sorrindo, parei de chorar imaginando o que seria.
- É o que estou pensando? – Perguntei-lhe.
- Sim! Respondeu-me cheio das alegrias. - Você ganhou! Você ganhou! A princesinha é sua! Vamos buscá-la amanhã!
Ao ouvir aquelas palavras, agradeci mais uma vez a Deus. “Deste-me a primeira, Senhor, mas, terei de viver com paciência, esperando-a; recusei a segunda por motivos óbvios, mas, ganhei a terceira, por definitivo!”
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