Pureza de uma Lágrima

Ontem pude apreciar algo que nunca tinha visto antes. Em um bate papo de boteco, um cara me contou um acontecido, que pude entender um pouco o quanto o amor e o ódio são inimigos. Descrever toda história levaria páginas e páginas de escritos, e isso é assunto pra grandes textos.

Como prometi pra ele que escreveria somente um "textículo" vamos lá.

Sabe aquele velho ditado que diz: Quando a esmola é muito grande o santo desconfia. Essa frase levada ao pé da letra gera um certo antagonismo, pois santo é puro e onde tem pureza não tem desconfiança.

Mas deixa isso pra lá e vamos ao assunto, só assim vai entender a essência deste dito popular.

-Estou ferrado! Exclamou o homem.

Naquele momento surgiu um desconhecido querendo ajuda-lo. Até que uma ajuda naquele momento, era tudo que precisava, mas vindo de um estranho era algo muito suspeito.

A cada gesto de bondade, uma alerta de perigo acionava no solo de sua poluída emoção. Pegar ou largar, resmungava o necessitado.

-Posso te ajudar desta forma. Comentou o desconhecido.

- Qual será seu verdadeiro interesse pensou o necessitado.

Mas mesmo com dúvida foi obrigado a aceitar aquela suspeita bondade.

Até aqui tudo bem, é só um ato de solidariedade. Pensava o homem tentando dobrar as maldosas mazelas que tinha no seu velho solo emocional.

Agradeceu o ato de solidariedade e falou que o moço pudesse seguir viagem.

-Não precisa agradecer! Comentou o desconhecido propondo ser mais solidário ainda.

-Agora o assunto está ficando muito grave! Foi essa frase que a sirene de alerta do instinto de sobrevivência acionou pela segunda vez, vindo do âmago de seu poluído cérebro. O sinal de alerta já apontava grande perigo. Mas mesmo assim, o homem não via outra saída, naquela circunstância era ignorar os riscos e, se apoiar naquele ombro por mais que parecesse ser de um inimigo.

Levando em conta as estatísticas, não tinha dúvida, na sua frente só conseguia ver uma grande ameaça. Mas, mais uma vez agradeceu, tentou ser falso e fingido o máximo que pôde, e repetiu a sena do primeiro agradecimento. E para sua surpresa ouviu o mesmo de antes.

Naquele momento as dúvidas estavam quase esgotadas, estava mesmo correndo grande perigo! Sua vontade era reagir buscando uma fuga, mas sabia que suas tentativas seria em vão, não tinha preparo para fugir. A chance de se livrar através de uma fuga era zero, o preparo do suposto inimigo estava ano luzes em sua frente.

_Vou encarar até o fim! Rogou ele para o Pai Celestial. Os gestos de bondades foram se estendendo a tal forma, que as incertezas se distanciaram, e só ficou com ele a pouca fé.

De um lado, um grande solidário, do outro, um coração cheio de malícia e maldade.

A tarefa foi comprida, o homem de coração bondoso se despediu, deixando o outro com aquele coração desconfiado de tudo e de todos completamente chocado, por saber que precisava urgentemente fazer uma faxina no solo de sua emoção.

O que mais me chamou a atenção neste fato não foi os relatos em se, mas como aquele homem se emocionava ao contar o quanto somos vitima de uma sociedade maldosa, de pouca fé e duvidosa até mesmo da bondade. Ao narrar esse episodio brotava de seus olhos lágrimas de uma tal pureza que nunca tinha visto antes.

Souzag
Enviado por Souzag em 24/10/2015
Reeditado em 25/10/2015
Código do texto: T5425392
Classificação de conteúdo: seguro