Carência

Seus olhos estava avermelhados, sua face carecia de algo. Algo esse, que pelo tempo foi roubado, arrancado sem o mínimo de piedade. Sua cabeça estava confusa, e seus passos era inseguro.

-Tenho medo! Gritou o homem, com um gesto irritado e assombroso.

Medo de que? Interroguei-o, querendo entender tamanho desespero. Fiquei pasmando ao assistir aquela intrigante sena.

-Medo dos bichos devoradores, faminto e cruéis.

Que bichos são esses? Esclareça-me para que possa ajuda-lo.

-Desculpe meu caro, mas me ajudar é quase impossível. Pois todo meu ser já foi destruído. Talvez com sua inteligência conseguirá reconstituir as cicatrizes do corpo, mas a reconstituição da alma é praticamente impossível.

Desculpe minha ignorância, mas onde quer chegar com esse seu discurso emblemático? Falei com um tom de voz meio frenético tentando tomar posse da situação.

- Desculpe meu senhor, a intenção não é te ofender, desculpe, desculpe, desculpe...

Naquele momento vi que algo muito sério tomava conta daquele ser.

Resolvi fazer mais algumas perguntas para tenta-lo te ajudar.

Posso saber de que, e de quem tem tanto medo?

- De vocês. Respondeu ele, com uma voz baixa e acabrunhada.

Mas de mim, não precisa ter medo, sou um ser humano como você. A palavra ser humano, zuniu no seu ouvido. Percebi nos seus gestos ao ouvir o som de minha voz.

- É este o meu medo!

Qual? desculpe, mas não entendi.

- Meu medo é do bicho homem, pois nunca sei qual e, quem vai me atacar.

Naquele momento tive que entender mesmo que de forma confusa que de louco ele não tinha nada, o que existia era uma grande carência de confiança, naquele sofrido rapaz.

Souzag
Enviado por Souzag em 07/12/2014
Reeditado em 07/12/2014
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