Rosa

Era uma rosa branca que ficava perto da janela, em cima da mesinha comida por traças. Num jarro improvisado, um copo com detalhes listrados. Sob a mesinha havia uma toalha cor de vinho de renda, antiga.

A janela trincada estava aberta e sob ela um sino dos ventos tilintava. Eu estava tocando uma folha da rosa branca, a grande protagonista da sena apagada. O meu maxilar ainda estava trincado e meus olhos percorreram as veias da folha verde vivo da flor

"Responde?” O som era gutural. Azedo, aspero e cortante. Mas sincero, benevolente. Fechei os olhos e percorri com a ponta dos dedos o galho da rosa.

"Preciso?"

A ponta de um espinho afundou em minha pele fria.

Silêncio.

"Porque não o faria?"

Meus olhos vacilaram. Sem me virar, baixinho, chamei seu nome.O vazio preencheu o pequeno quarto, e eu corei. Não iria perder mais. Do que nunca realmente foi meu.

"Não precisa disso."

Um toque quente alcançou meu braço esquerdo. Mas eu continuei observando as pétalas. Ignorei completamente o choque elétrico que se estendeu por meu corpo.A mão se soltou do meu braço e o silêncio preencheu o resto. Meus olhos arderam. Num segundo havia incerteza. Mas uma ação. Uma subação. As pétalas brancas, caíram sob meus dedos tremulos. Uma pétala tingida de vermelho.A sala estava vazia. Só eu, mais nada. A não ser as gotas de sangue acumuladas na toalha vinho. Bem como o questionamento suspenso no ar.

A rosa desistiu de me deixar enquanto você vermelho de dor, esqueceu de me amar.

Bê Vieira
Enviado por Bê Vieira em 20/10/2014
Código do texto: T5005850
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.