Como quem conta uma história à uma criança, a minha é escrita à beira de um rio, enquanto a mulher de roupas rotas cantarola uma canção. A criança se agarra as palavras do pai e admirada, a garotinha observa os olhos do seu herói inclinarem-se para a esquerda inventando uma boa fantasia. A mulher de roupas rotas como uma teia lhe manda a imaginação enxergar. 
 
 Essa é minha vida. Uma fantasia no interior de um homem, na imaginação de uma criança. Sou desconexa, filósofa falida que, dramática, traduz a dor de qualquer um numa folha de papel, ou num teclado qualquer.
 
 Tenho poucos amigos, mas sou fiel aos que tenho. Tenho muitos amantes na imaginação fértil. Tenho sonhos longos de curtas cordas e frágeis estruturas. Eu sou de amar muito. De sonhar demais! De olhar para um muro cinza e ver a dor e em segundos imaginar as poesias escritas, as histórias contadas, os desenhos formados: o amor armado.
 
 Abro essas histórias como quem abre as páginas de um livro vital. Só peço que após me lerem nua, não julguem minhas imperfeições