Correntes estão enchendo meu e mail a cada dia. E eu não paro de fazer pedidos para a recuperação do meu companheiro. Só que infelizmente, a cada dia o vejo mais distante. Vejo a chama da sua vida ficando mais fraca, amarelada. Dificilmente troca algumas palavras comigo. Só monossílabas. Há muito não vejo seu sorriso. Tem horas que a tudo me apego para superar minha solidão. E triste viver vendo o ser amado definhando sem nada poder fazer. Fiz um pedido hoje que sei ser impossível para o meu conhecimento, mas não para meu Deus. Quero que aconteça este milagre. Tenho Fe. Deus há de querer que aconteça.
E se não acontecer, continuarei a seu lado lhe dando animo, lhe pedindo coisas que já estão lhe sendo um peso, a meu ver, que ele acha desnecessário, relutando para obedecer à maioria das vezes.
Relembro a minha primeira publicação “Resgate de uma vida”. Tudo começou sem eu saber o porquê, mas entendi mais tarde que tudo era o resgate de uma vida.
Claro. Claro como a água cristalina. Os turcos dizem cada um com seu tapete. Sábias palavras. O tapete e meu. Acabamos sozinhos em um sitio. Isolados de tudo e de todos. Só eu e ele. No mundo ele colocou nove filhos. Tem mais de quarenta netos. Bisnetos e tataranetos. Tem sobrinhos de montão. Onde estão estes mais de centenas de pessoas? Um filho liga umas duas vezes por semana para saber do estado de saúde dele. Outro de vez enquanto. Um dos sobrinhos se preocupa e procura estar sempre por perto. Preferia não ouvir ninguém perguntando como ele esta. Eles sabem que ele sofre do mal de Alzheimers. Que ela não tem cura. Que precisa de mais e mais cuidados.  Que estou sozinha para cuidar dele. Tenho a impressão que esperam ouvir que tudo acabou. Sim porque, se não for isto, eles estariam mais presentes, viriam  ver-lo com maior freqüência, prestar solidariedade, em vez de vir somente em feriados prolongados.
Fazer o que? Todos tem seu tapete. E este, é meu.
RESGATE DE UMA VIDA