Cartas

Ela escrevia cartas. Tinha a esperança de que ele as leria. E ele leria.

“Sei que você não quer falar comigo agora, mas tenho certeza de que isso vai passar. É só uma crise causada por você mesmo, que prefere acreditar nele e não em mim. Responda-me, antes que seja tarde...”

“Juro-te que esperei o que pude! Por que não me procura para esclarecer isso?! Tudo bem... Mas saiba que isso dói e machuca! Você está me matando...”

“Você sabe que não é verdade... Sabe que aquele que se diz seu amigo que está fazendo tudo! Ele sempre planejou e parece que agora te convenceu! Eu te amo e não teria a audácia de ter algo com alguém, ainda mais sendo seu amigo.”

E ela continuou a escrever. Mas porque ele não respondia? Porque ele não sabia. O amigo não entregava as cartas.

“Essa é a última vez que te escrevo. Se quiser acreditar em mim, bom. Se não quiser, quando receber esta carta sua resposta não fará diferença, não alterará o que já foi feito. Só quero que saiba que eu te amei muito e o que vivenciamos foi maravilhoso. Enfrentamos tantas coisas juntos, quantas vezes tentaram nos separar... E superamos. E eu sempre te amei, sempre! E agora levo comigo o nosso amor, a única coisa que tenho, o que me motivava a viver. Motivava.”

E depois, ela tomou o líquido do pequeno frasco verde que tinha na mão. Somente um gole. Um gole fatal.

Essa carta tinha que ser entregue. E foi. Ele leu, pensou em responder, mas resolveu ir atrás dela.

Ao chegar, encontrou o corpo frágil e sem vida dela. Tão linda, tão angustiada. E ele... Sentia-se horrível. Mas ele não aceitava o que estava acontecendo. Balançou-a, chamou-a. Não houve resposta. Então teve que aceitar que ela não estava mais ali. Olhou o frasco, deduziu tudo e não pensou em outra coisa. “Eu te amo”, e tomou do veneno.

Rayanne Correia
Enviado por Rayanne Correia em 07/01/2013
Código do texto: T4072126
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