'Ladra de mim mesma' II
Nunca entendi o que eu tinha de especial. Quando te encontrei esbanjava um sorriso falso para que os outros me vissem forte. Bebia aquela noite como nunca em minha vida. Você quis me abraçar mais forte. Eu não quis relutar por aquilo que eu necessitava no momento. E o sexo, foi apenas sexo. Você se tornou o homem que eu precisava ali, mas não era a pessoa quem deveria permanecer. Nunca duvidei de seus sentimentos. Mas sempre duvidei dos meus. E quando mais os dias se passavam eu me sentia mais infeliz. Fazer outro homem sofrer porque simplesmente não sabia amar?
Você me feriu ainda mais, não te merecia do meu lado em nenhum momento. Quando mais precisei você estava lá, mas eu nunca queria que estivesse. Sempre relutei por te deixar até a hora que consegui. Irônico? Isso se traduz em amor?
Não entende o quanto me fez bem enquanto estávamos juntos. Era tudo que eu precisava, mas não era o que eu procurava. Fui ferida de amor uma vez, e te feri como me feriram. Te roubei o que me foi roubado. E a dor agora é maior que antes. Não queria pagar na mesma moeda. Mas dei o troco, e pior, na pessoa errada.
Tudo que fizemos foi um xadrez. Quanto eu mais eu relutava para não jogar, mais você insistia. Desde o primeiro momento sabia que eu não te amava. Então porque prosseguiu?
Desculpe se eu te machuquei. Mas não queria me ferir de novo por qualquer homem que grite mais alto. Eu sei que o que fiz foi errado. Não me espere. Não me procure. Aprendi a não amar você, e se sou capaz disso, sou capaz de aprender a não amar mais ninguém. Irônico dizer que eu te dei xeque-mate, quando na verdade só joguei com uma peça. Só joguei com a rainha. Ela nunca será párea para o Rei.
Falso seu xeque-mate. Sabia que eu esquecera o que era amar. Agora não adianta me por como culpada, por coisa que ninguém mais me ensinará. Pegue o que for seu. E deixe em mim a mesma dor da dama do vestido vermelho. A mesma que nos encontramos. A mesma que realmente nunca deveria ter conhecido.