Silêncio...
Esta palavra me apavora. E verdade que, nunca gostei de muito barulho. Mas ultimamente estou odiando este silêncio que esta tomando conta da vida do meu companheiro, que lhe priva o modo de pensar e de falar, que torna seu olhar distante.
Em sua escrivaninha, minha querida musa, a poetisa Márcia Ramos, descreveu o mal de “Alzheimer” como “Um ladrão de lembranças”
A ciência explica que a mente vai se esvaziando devagar. Que ataca os neurônios. Que mata devagar
Não, eu não posso, e não quero acreditar nesta hipótese.
Sou muito espiritualista e por isto acredito que ele foi abençoado. Esta se fechando em um mundo só dele, onde seus sentidos não têm tanta importância. Onde neste mundo novo para ele, não tem valor algum as coisas terrenas. Onde não há frio, , não há egoísmo, não há raiva, inveja e ódio, tristeza, agonia, desejos .Tudo que ele já viveu , mesmo que os neurônios morram, não poderão ser apagadas da mente dele as lembranças de uma vida. Só que já mais nada tem importância. Mergulhará neste mundo novo, do olhar perdido, do silêncio da indiferença por tudo que o rodeia!
Sei que em certa hora eu vou ouvir a palavra “Quem é você?”.
Sei que acontecerá. Sei que nesta hora vou perdê-lo para sempre. Já estou perdendo ele, a cada dia um pouco. O meu amor aumenta à medida que ele esquece o que quis dizer, ou precisa de mim para ajudar a colocar direito a camisa que vestiu o contrario, para ajudar-lo a levantar ou para fazer piada de algo que ele fez errado para que ele não fique triste. E vendo-o fazer tantas coisas que uma pessoa em seu “juízo normal”, não faria,
estranho!
Não sinto pena dele.
Ele viverá em um mundo só dele, e eu continuarei a viver, a reviver, e relembrar uma vida a dois, onde tudo continuará , mas só que desta vez, estarei sozinha com as nossas lembranças . O silêncio será quebrado somente pela minha voz. Assim, continuando em meu
Resgate de uma vida