PASSADOS VINTE ANOS, DESCOBRI QUE AINDA O AMO

Foram vinte longos anos de busca e espera e a dúvida vez por outra ainda me incomodava e me sentia impotente com a ausência de notícias. Nunca desisti de buscá-lo sempre que me chegavam algumas vagas informações a seu respeito, até que certo dia, minha busca acabou. Eu finalmente, o havia encontrado.

Agora com as chances em minhas mãos, não sabia exatamente por onde começar, como deveria chegar e abordá-lo, mas tinha que tomar uma atitude, uma vez que fui eu quem partiu e ainda lhe devia algumas explicações. Eu estava em dívida com ele e precisava me retratar. Ele merecia saber o real motivo que me fez abrir mão do nosso amor. Deus sabe o quanto foi difícil me afastar!

Por vários momentos tive medo e hesitei em procurá-lo. A partir daí começaram os conflitos internos entre a razão e a emoção, entre a emoção e o coração, entre o coração e o meu medo, mas precisava revê-lo. Merecíamos e precisávamos restabelecer o contato visual e físico para finalizar ou não, este capítulo interrompido de nossas vidas. Eu não tinha mais nada a perder, afinal eu já havia perdido vinte longos anos.

Mesmo com as emoções misturadas e à flor da pele, meu desejo foi maior e resolvi fazer contato. Ele retornou a minha mensagem e quando a li, me emocionei. Chorei copiosamente e cada vez que relia aquelas palavras, mais próxima me sentia dele. No dia seguinte, ouvi sua voz ao telefone e tremi descontroladamente, meu coração batia descompassado, me emocionei outra vez. Ele continuava carinhoso comigo apesar do tempo e dos fatos não esclarecidos. Nada perguntou sobre o passado, mais queria de alguma forma manter contato, alertando para a possibilidade me um novo reencontro.

Quase um mês depois, nos reencontramos. Estremeci. Suei. Gelei. Não sabia o que fazer ou o que dizer porque me faltaram as palavras e me sobrava emoção. Foi um misto de saudade e medo, de ternura e tempo perdido, de não saber como agir ou me comportar diante dele. Quase não articulamos palavras, mas num abraço dissemos algumas coisas. Fingimos superar a ansiedade e a timidez daquele momento. Estávamos emocionados e inseguros depois de tantos anos, apesar disso, ele dominou melhor a situação. Éramos dois adultos com comportamentos adolescentes.

Quase um ano se passou e estamos mais próximos. Aos poucos, estamos nos descobrindo em algumas coisas e me sinto mais completa depois dele. Ainda não recuperamos totalmente o tempo perdido, mas sei que de alguma forma as nossas vidas se entrelaçaram novamente e que a partir de então, nunca mais fomos os mesmos. Há alguns dias ele me disse, carinhosamente: “Não quero te perder!” Ainda há ajustes a serem feitos, mas numa frase, ele disse tudo o que eu precisava ouvir.