Dias [Per]Feitos (Romance Fragmentado: Parte 1 - Capítulo 3)

Capítulo III

Ruan era um jovem recatado, aprendera a dirigir-se ao mundo de forma cordial, a tratar com moderação temas diversos, conhecera a amargura de precocemente ter perdido sua mãe. O Complexo de Édipo não lhe foi permitido por inteiro, ainda bebê sua genitora fora surpreendida por uma trágica eventualidade da vida, não resistira a um parto extremamente complexo, tornando-o a prova viva do seu mortal destino. Passou a carregar a marca da destruição alheia, não havia dúvidas, como uma vez lera nos aprendizados de catecismo, era um epígono de Caim, ainda mais profano por ter ido além, causando o falecimento daquela que o concebera. Era um tipo de crime que não se pode apagar, seu coração tornara-se um tanto quanto obscuro. Por mais que seu pai houvesse explicado que esse tipo de fato é comum, mesmo com toda a tecnologia que se desenvolveu, ignorando o avanço erudito da Medicina. Procurou na leitura informar-se sobre diversas possibilidades acidentais nesse tipo de ocorrência, buscou relatos paternos para tentar identificar semelhanças, seus parentes mal conseguiam descrever tal coisa. Além disso, tocar em feridas desse tipo, que nunca cicatrizam, é um martírio, ainda mais ao pai que perdera a amada esposa. Mas o filho segue sua angústia inconsolável, tolerando em silêncio sua dor, desesperando-se no escuro do seu quarto, perdendo-se em pensamentos pelas madrugadas. Escrevia em seu laptop, uma forma de expressar seus sentimentos, tentar livrar-se do que o oprimia, parecia um derramar de si até o próximo transbordamento. Cresceu amparado pelos cuidados de tias atenciosas, além de uma avó extremamente afetuosa, não poderia reclamar de tantos mimos, ainda assim havia aquele hiato intransponível. O hábito de ler começou com incentivo do pai, que apesar de ter progredido nos estudos até o ensino médio, não desejava que o filho se contivesse no que considerava o melhor caminho para o engrandecimento de um homem. Enchia de orgulho sua família com o hábito de notas altas por sua vida estudantil, sem contar os muitos prêmios por redações e outros méritos que desenvolvia na área educacional, pois era empenhado.

Seus hábitos eram bem caseiros, uma saúde um tanto debilitada, como muitos outros garotos da contemporaneidade, nascera com problemas respiratórios, agravado é claro pela poluição metropolitana, sem contar hábitos que agravam tais patologias, desde convivência com fumantes, até pelagem de animais domésticos. Fora iniciado em livros infantis por autores como Monteiro Lobato, depois as histórias em quadrinhos lhe agradaram bastante, faziam sua imaginação aflorar ainda mais, na escola lhe apresentaram leituras mais sisudas para jovens leitores, recordava-se das tarefas que educadores impunham com obras de Machado de Assis ou Graciliano Ramos. Os livros religiosos foram direcionados por seus tutores, com aval de sacerdotes experientes, devorador de livros inveterado, começou a ter um desejo de desafios literários, conseguindo aguçar seus anseios com a literatura filosófica, ficou dias pensando sobre o cogito descartiano. A metafísica lhe agradava pela possibilidade do impossível, por mais paradoxal que fosse a ele, era atraído por esse algo mais além do empirismo ou de qualquer metodologia científica. Sentia-se acolhido pelo que parecia inexplicável, um conforto por não ter uma argumentação sobre o drama familiar que sofrera, ao mesmo tempo o desejo de ousar, buscar esse sentido aparentemente impossível de ser alcançado. A reza para ele era uma forma de meditação, não é por acaso que o Budismo lhe parecia algo excepcional, se deixava perder na escuridão da mente, procurando limpar-se de pensamentos, tentando voltar ao estado que John Locke denominara tabula rasa. Embora nunca tenha se permitido acreditar nascer como uma folha em branco, pensara que a genética havia demonstrado certa herança que nos acompanha, excedendo sua visão entregue muitas vezes a um Behaviorismo vulgar. Acreditava também em algo inato no campo biológico que também era influenciável naquilo considerado empírico, os avanços das chamadas neurociências aumentavam suas expectativas.

Era o grande mediador na família, costumava apaziguar conflitos, sua calma já conhecida ajudava a arrefecer os ânimos em momentos tempestuosos, era convocado em diversas ocasiões para repetir poesias que tinha talento em decorar. As disciplinas que mais lhe agradavam eram divididas em três categorias: as de natureza linguística, que o ajudavam a investigar a natureza humana tanto em sua expressão escrita, como histórica e filosófica; as de natureza biológica que possibilitavam enveredar-se pelo organismo, um olhar pra dentro, virar-se ao avesso, algo que fazia vibrar sua gana por informações; e por fim, as de natureza física e química, invadindo o campo das substâncias mais elementares de toda uma estruturação que havia concebido para investigação fenomenológica. Longe de toda essa lógica, seu refúgio em meio ao caos racionalizante, a dádiva metafísica, onde depositava tudo que nem ousara imaginar, sua forma de desfragmentar-se quando sentia estar formatado a ponto de não mais conseguir mover-se. Gostava de realizar experiências desde muito cedo, tanto de teorias, quando observava o comportamento das pessoas tentando enquadrá-lo em alguma cadeia teórica que havia tomado conhecimento, quanto recolher restos mortais de insetos para observar o processo de decomposição, algumas vezes acrescendo algum produto químico para experimentar reações diferenciadas. Foi apresentado aos videogames em tenra idade, aprendera como tantos da sua geração, a manusear aqueles consoles com uma perícia parecida com a do filho de um artesão, era muita dedicação aos aparatos tecnológicos que cada ano tornavam-se mais modernos. Crescera consciente de tal prática comercial, aparentemente apenas vinculada ao consumo, mas que implicitamente condicionava crianças a serem futuros jovens trabalhadores acostumados a lidar com novas tecnologias, sendo inseridos no mercado de trabalho com know-how desenvolvido precocemente pela própria educação familiar.

Os animais de estimação que mais lhe agradavam eram os cães, exerciam um fascínio sobre Ruan, que era sempre surpreendido com a amabilidade canina. Embora soubesse não se tratar de tal sentimento, sendo que este é digno de humanos, mas era certa permissividade que talvez gerações domesticadas tenham se habituado. Por mais que fossem maltratados, a grande maioria retornava com aquele ar cândido, abanando o rabinho, submissos à vontade de seu dono, muitas vezes assumindo papel de algoz. O sujeito parecia satisfeito em ter um criado a seu dispor, e isso não é privilégio de países como o Brasil acostumado com hábitos escravistas de herança colonial. No mundo, de um continente a outro, subjugar o animal, fazê-lo agir conforme o capricho de seu possuidor, parecia algo trivial, mesmo em culturas que possuem certos cultos zoomórficos, ainda assim resiste uma vontade de domesticar. As plantas seguem essa tendência, Ruan achava intrigante sua tia desejar que as samambaias que cultivava em seu apartamento, seguissem hermeticamente uma simetria estipulada com extrema autoridade por essa mulher que se dizia amante da natureza, procurando em suas próprias palavras “dar vida ao ambiente”. As próprias plantas parecem algo artificial, no sentido de naturalmente modificadas, quando domesticadas por hábitos humanos, contrastam com aquela atmosfera anti-natural urbanizada. Engraçado como no campo, muitas vezes é o camponês que se adequa ao ambiente, fazendo inclusive sua moradia em uma tentativa de harmonizar-se com a paisagem rústica. Nas metrópoles costuma ocorrer o inverso, a natureza é transformada para ter estética metropolitana, ainda que seja rebelde em relação à cidade, temos o exemplo de enxurradas que até causam deslizamentos, destroem a paisagem, impõem sua força, mas são escoadas por galerias subterrâneas, além de transportar ou mesmo engolir para compor seu fundo, toda aquela matéria bruta que solidifica o cenário urbano.

O zoológico também intrigava Ruan, aquelas grades aprisionando espécies, expondo-os feito vitrines de mercadorias, observados por um público indiferente ao sofrimento do cárcere. Muitas vezes se deparava com aquela expressão depressiva no olhar de certos animais, pareciam entregues a um vazio que não lhes permitia mais aquele brilho no olhar de satisfação pela vida. Os mais ferozes acabavam transmitindo certa docilidade, ainda que muitos não se atrevessem a testar um possível resquício de ferocidade. Nunca desejou criar passarinhos, pois lhe parecia algo ainda mais cruel, cães ainda podiam desfrutar do ambiente caseiro, tendo alguma liberdade doméstica, já o pássaro, aprisionado naquela gaiola mínima, ou com asas cortadas para evitar justamente aquilo que foram condicionados a executar, que é a maestria do vôo. Uma paixão que lhe acometia desde cedo eram os jogos de tabuleiros, uma dama, uma boa partida de xadrez então era êxtase. Nunca foi dado a brincadeiras de rua, por ter uma educação com hábitos caseiros, não sabia empinar pipa, nem fazer um peão rodar, nem bolinha de gude tinha perícia, comprovara em uma tentativa frustrada de jogar com amigos na escola. Seu mundo paralelo se formava a partir dos livros, cada nova leitura trazia uma gama de descobertas que ajudavam a compor o quebra-cabeças de sua existência, buscava peças nos textos que viriam completar uma forma singular de filosofar. Os esportes agradavam-no apenas como expectador, a prática parecia algo que fugia aos seus dotes, fazia vez ou outra por lazer alguma atividade, mas sempre parecia tedioso demais manter uma prática profissional no que considerava uma distração desgastante. Suas predileções gastronômicas eram mais sofisticadas, adorava a prática de cozinha, aprendera fazer pratos para paladares apurados, seus livros de receita que serviam de fonte eram de restaurantes requintados.

Era uma tarde bem primaveril quando seu pai lhe chamou para uma conversa franca, mas seu ar sério dera uma tonalidade de inverno àquela primavera, até as cigarras silenciaram seu canto. De um lado o pai Jair, do outro sua mãe até aquele momento, Luciana, os rostos ficaram fechados, pareciam invioláveis, como se assumissem uma máscara medonha. Seu pai assumiu o papel de “homem da casa”, começou a expor o tema melindroso de forma viva e autoritária, uma introdução sobre complicações em partos, logo a seguir um discurso pseudo-psicológico sobre o tempo certo de expor determinado tema, até que veio a revelação com a força de uma tempestade. Soube de forma dura e seca que sua mãe biológica falecera numa mesa de parto, sentiu-se como aquelas pessoas traídas que são as últimas a saber, parecia que toda sua realidade não passara até aquele momento de uma mentira. Os parentes representavam papéis para iludi-lo, era uma humilhação por ter servido de chacota, uma dor também parecia rasgar-lhe o peito, afinal, soubera do falecimento da mãe verdadeira, mas nem poderia se dar ao trabalho de chorar, nunca conheceu nada a respeito daquela criatura, nem uma foto de lembrança. Questionou sobre recordações, mas o pai lhe dissera que evitava tais lembranças por contribuírem em aumentar sua dor, apesar de compreender o sofrimento paterno, considerava um egoísmo, tendo em vista não ser levado em consideração seus sentimentos. Ainda assim, disse ao pai que desejava visitar o túmulo da mãe, Jair assumiu um ar de preocupação, mas dias depois fornecera ao filho o endereço por entre aquelas avenidas de lápides do cemitério mais populoso da cidade. Achou interessante as vielas do cemitério terem nome de flores, parecia apropriado, já que temos o hábito de cobrir de flores os mortos, porque não endereçá-los conforme esse costume. Mas ficava a preocupação de uma pessoa apaixonada por rosas, ser enterrada em uma rua com nome de Margarida, já diziam os populares que quando se morre deixa-se de fazer as escolhas, os outros as fazem por nós. O morto não poderia reivindicar um lugar em consonância com sua predileção floral, embora soubesse de casos em que ocorria até suborno para um enterro em concordância com o gosto do defunto, o que fazia com que avenidas com flores mais populares, logo estivessem repletas de lápides. Tendo que utilizar em alguns casos subterfúgios, como chamar de Avenida das Rosas nº 2, pois mudar a cor da flor só agravava o problema, as pretas continuavam sofrendo o preconceito que vem desde os primórdios medievais.

Parou diante da lápide, leu o nome Elisa, era assim que se chamava sua mãe, agora pelo menos poderia consolar-se com um nome, começara uma busca por informações a respeito, nada conseguira. Vez ou outra caminhava pela calçada, tentava identificar nos rostos das mulheres que teriam certa compatibilidade etária com sua mãe no presente alguma possível semelhança, procurava ir formando caricaturas para tentar preencher a falta do verdadeiro semblante que mesmo sem existir o atormentava. Na verdade ele existia enquanto ausência, sabia a partir da revelação que seu pai lhe fizera, que era uma realidade, mas não podia contemplar, sentia-se mais frágil que um cego, pois este ainda poderia servir-se de outros sentidos, a ele só restava o relato alheio. Também poderia contemplar aquele jazigo esquecido, talvez algo resistisse à decomposição imposta pelo tempo, no fundo sabia que a linguagem era sua única herança, escrita, pelo nome lido na lápide, e falada, pelos relatos familiares. Sua situação era inusitada, começou com a perda de sua mãe até então, depois ganhara uma mãe consanguínea, que logo perderia sabendo de sua morte prematura, se é que existe alguma prematuridade na morte, tendo em vista muitos dizerem que temos o tempo certo em existir. Se assim for, os bebês que morrem tiveram um tempo certo curtíssimo, sem contar outros que ainda nem poderiam ser chamados de bebês e já deixaram de existir no útero. Já lera explicações de religiões espíritas sobre uma possível explicação cármica a respeito de tal morte precoce, ainda assim não se convencera acerca da justiça divina em ceifar algo ainda tão germinal. Talvez seu apego a uma concepção de humano acabasse provocando essa lógica comparativa antropocêntrica, acreditando mesmo em um processo evolutivo, nas implicações do desenvolvimento biológico, ou seja, uma cadeia de impressões que tentavam contestar qualquer metafísica que pudesse justificar a morte de possíveis inocentes. Mais uma vez apelava para o argumento religioso cristão, em que o dogma era a não inocência, tendo como pressuposto o pecado original, a herança da culpa humana, condenados antes mesmo de nascer.

Foi um jovem que nutria um asco por aqueles que se entorpeciam, tinha visto algumas vezes o pai bêbado, a cena pareceu hedionda, nunca teve nem curiosidade em provar qualquer droga, lícita ou ilícita. Os filmes eram um entretenimento que gostava bastante de executar, gastava quantias que para muitos seriam um absurdo em locadoras, mas estava disposto a ter esse prazer visual, não fazia questão de aparelhagens magníficas de som e imagem, a magia estava na cinedramaturgia. Várias vezes chorou diante de filmes que o emocionavam, escondendo muitas vezes as lágrimas por participar de uma sessão com outras pessoas, ao público devia aquela moralidade machista de que um homem jamais deve deixar as emoções eclodirem dessa forma. Uma vez seu pai o repreendera por ter chorado ao assistir o filme “Central do Brasil”, dizendo que era seu filho varão e não uma menininha, que choramingar por tais artes não passa de fragilidade de espírito. Passou a fazer como as pessoas em geral, dissimular, sua sensibilidade era aflorada, as lágrimas acabariam vindo de uma forma ou de outra, mas passou a ter perícia em não demonstrar ou guardá-las para serem choradas dentro de seu quarto, a porta trancada à chave para evitar qualquer flagrante. Duas vezes apenas recebeu livre permissão para o choro, uma quando quebrou a perna devido a uma queda de cavalo, mas fez questão de reter seu fluido lacrimal, demonstrando a seu pai que podia ir além das expectativas. A outra foi quando tomou conhecimento da farsa sobre sua verdadeira mãe, mas com dignidade ouviu tudo calado, pronunciou seus desejos em conhecer algo da falecida, mas tudo com um brio de assustar, reservando para o seu quarto noites sem dormir, banhadas em lágrimas ressentidas.

Ruan estava feliz com seu desempenho escolar, fizera amizades que o deixavam muito contente, era um prazer ir para a escola, assistia com gana cada uma das aulas, procurando ser bem participativo nas atividades sugeridas pelos professores, sendo respeitado por educadores e alunos. Estava entretido com exercícios de Física, o tempo chuvoso, aquele barulho de água indo de encontro ao vidro das janelas da sala de aula, dava-lhe um clima singular, ajudava a concentrar-se, a chuva mais branda parece também acalmar os ânimos, os alunos parecem ficar menos agitados e mais sonolentos. A aula já havia começado fazia um tempo, ou pelo menos o horário para a execução da mesma, mas o professor de Filosofia estava realmente atrasado, apesar de ser um dos menos preocupados com o rigorismo do sistema educacional, não era dado ao não cumprimento de compromissos didáticos. De repente, o coordenador entra na sala de aula, expõe que o educador havia se acidentado, acidente doméstico, não entrou em detalhes, ressaltou que precisaria ser substituído por tempo indeterminado, preocupando Ruan, pela simpatia que sentia por aquele professor. Foi quando ela adentrou o recinto, usava um vestido florido que parecia bailar conforme cada passo, era um rosto magnífico, causando inclusive silêncio ao ser percebida, foi apresentada como professora substituta, belíssima, o nome era Karina. Foram ressaltados seus méritos curriculares, até que lhe foi passada a palavra, sua voz saiu de forma aveludada e vibrante, dizendo que estava feliz em ter sido transferida para aquela escola, viera de outra cidade, abraçava a nova etapa como um empolgante desafio. Ruan não conseguiu desviar os olhos de tão bela criatura, os outros jovens deveriam estar sentido algo parecido, seu coração quase era expelido por sua boca, tremia de cima a baixo, suava de nervosismo, apesar de todo o desconforto de tais sensações inusitadas, desejava eternizar aquele momento, não queria deixar a companhia de sua Karina.

Começou a ter interesse ainda maior pelo colégio, em especial as aulas de Filosofia, evitava falar e se irritava quando alunos interrompiam a aula, gostava de apreciar o som macio da voz de Karina, que parecia uma mulher extremamente recatada, usando sempre vestidos elegantes e ao mesmo tempo simples. Não utilizava vestimentas que expusesse em demasia seu corpo, o que deixava a imaginação dos alunos fluírem sobre quais atrativos estariam ocultados por indumentária tão pudorada. Seu ardil era conversar após o término da aula, sobre qualquer tema que pudesse fazer alongar aqueles momentos, mesmo que fossem assuntos já conhecidos, valia o esforço. Eram sempre explicações com a cadeira posta ao lado da mesa, podendo até sentir o doce perfume daquela mulher que o contagiava, passou a ter ávido interesse pela Filosofia, livros e livros lidos pelas madrugadas, tudo em nome de promover diálogos que cativassem a professora. Passou a temer uma desconfiança por parte da educadora, vez ou outra tentava afastar-se, mas via seus colegas também aproximando, sentia-se ameaçado, contra-atacava com exibições durante a aula de uma postura mais amadurecida, sua voz assumia certa austeridade ao repreender agitadores. Tiago que era atento a mudanças de caráter, notou hábitos diferentes do costume em Ruan, logo começou a ironizá-lo como sendo puxa-saco da professora, o que fazia o jovem sentir-se ruborizado. Seu desejo crescia a cada instante, por mais que tentasse resistir, não poderia negar inflar dentro de si aquela vontade de estar com Karina, mais ainda, passara a habitar sua mente em grande parte do dia, começava a viver em função daquela paixão.