Uma Trégua! (Conto 75)
 
Tarde de sábado de Carnaval, um calor infernal, três ventiladores ligados; e a Ma chorando desesperada, aos prantos, como se alguém tivesse morrido.
-Mãe, o que eu faço? O Timmy está envolvido por aquela entidade ruim; já ofendeu a mim e a você; está uma fera. Todas as minhas amigas estão viajando; eu estou aqui nesta cidade sozinha, sem ter com quem sair, sem me divertir, fritando neste calor infernal!
E chorava aos prantos e tão alto que tive que fechar a porta da sala.
-Os vizinhos vão pensar que morreu alguém.
 
Aí é que ela chorou mais:
-É isso mãe. O Timmy vai morrer. Liga para a Emily, ela vai confirmar.
 
Ligamos. A Emily falou com ela, tentou acalmá-la. Saí para comprar um floral de Back chamado rescue e que se usa nessas ocasiões de emergência.
 
Eu sentia que tínhamos que fazer alguma coisa.
Mas o que fazer, sendo que ela também estava agressiva comigo, por conta de um outro “acompanhante” que me odeia e que fica sempre com ela?
 
Voltei decidida:
-Ma, vamos tentar falar com esse espírito que está envolvendo o Timmy.
Ela concordou.
 
Fechamos a porta, desligamos a TV, fiz uma prece, pedi ajuda e proteção.
 
Logo o espírito se manifestou primeiro através dela, depois através de mim.
-Ele é nosso escravo! Vocês não têm o direito de mexer com nosso escravo. Ele fez o pacto; agora ele é nosso!Só vai sair se pagar o que nos deve!
 
É como no mundo do crime: se você entra, não pode sair assim facilmente.
 
Falei com todo o respeito, sem saber de onde vinham as minhas palavras:
-Desculpe se mexemos onde não deveríamos, sem pedir a permissão.
Ë que está sendo dada uma oportunidade a ele de pagar o que ele deve e seguir a vida dele em frente. Será que poderia haver um acordo sobre isso?
 
-Ele é que tem que pedir. E ele não está pedindo nada!
-Sim, nós sabemos disso. Mas queríamos propor que vocês dessem uma trégua esses dias, até a próxima quinta feira. Aí ele vai ao centro e lá ele poderá pedir pela libertação dele e ver como ele terá que pagar a vocês.
 
Demorou um pouco; senti que se reuniam e deliberavam.
Lá funciona como qualquer outra organização: tem suas próprias leis e hierarquias a serem obedecidas.
-Concordamos. Daremos uma trégua até quinta feira, mas com a condição que vocês parem de rezar: nada mais de rezas para ele!
 
Ótimo. Concordamos e eles se foram.
Então a Ma começou a sentir seu corpo pesando e disse que tinha que se deitar no sofá.
Quem era?
 
O nosso velho amigo, aquele que não quer que ela namore ninguém e que me odeia.
Fui falando com ele; está muito melhor e mais calmo.
Disse que eu o matei e que a Ma era mulher dele.
Não entramos em detalhes; logo veio uma equipe e começou a cortar alguns grossos fios que o ligavam ao corpo da Ma.
 
Ela cochilou um pouco e depois sentimos que o ambiente estava bem mais leve.
Encerramos, agradecemos.
 
Saímos para respirar um pouco. Já era o entardecer; fomos nos sentar no banco da praia.
-Mãe, estou sentindo uma angústia!
-Veja se é você ou quem é.
-É ele, mãe. É o Timmy. Ele agora está arrependido, quer falar comigo, mas não dá o braço a torcer. Tenho que mandar uma mensagem para ele!
 
Mandou a mensagem, ele respondeu sem tocar em nada do que tinha acontecido: é assim que eles conseguem se entender; só vão falar dos problemas aos poucos e em outro momento.
 
Saíram mais tarde a pé para passear aqui em frente e ver o carnaval.
Antes de sair ela me deu um abraço e disse:

-Mãe, meu coração está me dizendo que não é com ele que vou ficar; será mesmo com o Frank.
 
Fiquei olhando pela janela do apartamento enquanto eles iam de mãos dadas.
-Meu Deus, porque nós seres humanos complicamos tanto os nossos relacionamentos? Poderia ser tão mais simples... Mas infelizmente a Lei da ação e reação tem que ser cumprida.
Ainda bem que as oportunidades se repetem sempre; e o Amor Divino não se cansa nunca de nós!

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Malu Thana Moraes
Enviado por Malu Thana Moraes em 02/03/2010
Reeditado em 03/03/2010
Código do texto: T2115490
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