Você tem que escrever! (Conto 28)

 
É o que estou sentindo: como se eu tivesse que escrever, como se estivesse sendo convocada a cumprir um trato, algo que eu prometi ou combinei e que agora devo fazer: escrever!
 
Mas escrever o quê?
 
Contar todo o vazio e a dor que está presente no meu dia a dia, apesar de não parecer e apesar de não ser razoável?
 
Sim, porque não é razoável que eu reclame de nada: sinto e vejo tudo ir caminhando muito bem, como que num movimento harmônico e gracioso.
 
Vejo a minha filha Marilia aprendendo muitas coisas com o novo relacionamento dela; vejo o quanto ela é apaixonada e intensa e como é dedicada quando ama.
Vejo-a lidar com as dificuldades, tentando acertar e acertando na maioria das vezes, aprendendo a dialogar com o Timmy sem brigar e ensinando a ele como fazer isso.
 
Estou vendo o meu filho Armando desabrochar como uma bela planta, crescendo a olhos vistos, cuidando de si mesmo, ficando cada dia que passa mais amoroso, mais saudável, mais gente!
 
E estou vendo a minha vida mudar, com esse súbito rompimento do Jerry e sendo informada de que é tudo para melhor, que coisas maravilhosas estarão chegando muito em breve!
 
E apesar de tudo isso, ainda tenho a coragem de dizer que minha vida está vazia e cheia de dores!
 
Que absurdo!
 
Hoje de manhã senti uma tristeza funda e dolorida; percebi que quando eu voltar aqui em SanCity a Emily e a Sofia não estarão mais ali na Livraria!
 
E também senti que não vai demorar para a Marilia se casar e ir morar com o Timmy na casa dele e entregar o apartamento!
 
E então?
Como vai ser?
Não terei mais onde ficar aqui em SanCity?
Não vou ver mais a Emily e a Sofia?
E como vou visitar a minha filha?
Ficar em um hotel?
 
Percebem como eu não tenho fé? Estou sempre duvidando, indagando, descrendo?
 
Veio então a intuição: não vá ainda para AraCity.
Vamos fazer mais uma sessão com o gravador, porque serão passadas novas orientações a vocês duas para que se sintam mais seguras. E é bom que gravem e depois escrevam tudo, para que possam reler e publicar.

 
Sei e sinto o quanto é importante registrar tudo o que está acontecendo, inclusive nossas duvidas e questionamentos, minhas e da Emily.
 
Não é fácil aprender a confiar incondicionalmente em nossos mentores, ainda mais de minha parte porque não ouço vozes falando nada, apenas sutis intuições, tão sutis que muitas vezes passam despercebidas!
 
E agora estou sentindo que deveria já estar publicando estes capítulos.
Mas e se nada disso se concretizar?
Se for tudo uma piracão das nossas cabecinhas?
Não vou publicar ainda! (só estou publicando hoje,um mês depois!)
Mas prometo que vou escrever tudo em todos os detalhes!
 
SanCity, quinta-feira, 03 de dezembro de 09.

           continua...       

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Malu Thana Moraes
Enviado por Malu Thana Moraes em 05/01/2010
Reeditado em 26/02/2010
Código do texto: T2012115
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