UM CANDIDATO A DEFUNTO...
Valei-me Nossa Senhora
Isso sou eu ou é uma visagem
Foi quando eu vi o espelho
Refletindo a minha imagem
Magra, careca, banguela,
A feição preguenta e amarela
Pense numa coisa feia
Parecendo uma marmota
Pois na cara só se nota
A venta grande e as urêia.
Aí eu fiquei nervoso
Quase sem falar direito
O negócio é perigoso
Senti uma dor no peito
O coração não espera
Foi aí que eu disse: Vera
Vai ver o que é que tu faz
Antes que termine o mês
Tu vais lá ao Português
E fala com Dr. Morais.
Tu dizes a ele: Doutor,
Meu pai está muito doente,
Dependendo do senhor
Pra curar o que ele sente
Acabe aquela agonia
Que ele sente todo dia
O cansaço e a dor no peito,
Pra completar o assunto
Dos candidatos a defunto
O meu pai já está quase eleito.
Precisando urgentemente
Fazer essa operação
Faz cinco meses que a gente
Não encontra a solução,
Vai pra lá e vem pra cá
E não consegue marcar
A data da cirurgia
Se for assim nesse embalo
O senhor vai operá-lo
Na missa de sétimo dia
Do ramo da medicina
Meu pai esgotou a lista
Porém por lá por Carpina
Não obteve conquista
E por unanimidade
Todos daquela cidade
Que são profissionais
Disseram aqui não jeito
Mas vou lhe explicar direito
Como é que o senhor faz.
Vá pro hospital Português
Que tem uma equipe capaz
Quem atender vocês
É Dr. Fernando Morais
Cirurgião competente
Pessoa muito decente
E de muita educação
Juntando esses requisitos
Em pouco tempo acredito
Que operam o seu coração
Vera foi ao hospital
Falou com Dr. Morais
Que lhe explicou afinal
Não deixei seu pai pra trás
É a tal burocracia
Sem ter leito, a cirurgia
Precisa ser adiada
Fale com Jane e talvez
Quem sabe no próximo mês
Fique uma data marcada.
Outubro, esse é o mês
Que está a data prevista
E numa fila de três
Sou o terceiro da lista
Se não me faltar memória
Depois eu conto a história
Se voltar de lá com vida
Mas volto se Deus quiser
Porque nele eu tenho fé
E na Virgem de Aparecida!
Autor: Carlos Aires
Carpina – PE. 02/10/2005
(81)3622-0948