QUE COISA HEIN!...

Apareceu no sertão

Um tipo meio diferente

Apesar de ser estranho

Era humano como a gente

Não se sabe o que ele é

Se é homem ou se é mulher

Eu que sou desconfiado

Já olhei de cima a baixo

Achei que pode ser de macho

Mas o corpo é afeminado.

Só anda se rebolando

E com um molejo na mão

Com as unhas grandes pintadas

E pra chamar a atenção

A cintura é de violino

E, além disso, fala fino

Que pra homem não é direito

Com as roupas muito apertadas

E pra não se entender nada

Um par de seios perfeitos.

E pra eu ficar mais perdido

Eu não sei como é que pode

Olhei para o indivíduo

E vi que tem um bigode

Mostrei-o a minha tia

Que disse: Virgem Maria

Cruz credo, meu Deus, amém

Que é um homem eu não acredito

Mas tem certos requisitos

Que uma mulher não tem.

Meu filho eu estou dessa idade

E nunca vi esse despacho

É um homem afeminado

Ou uma mulher meio macho

E naquela confusão

Ela pediu proteção

A Deus e a são Raimundo

E disse se lastimando

Eu já estou acreditando

Que isso é o fim do mundo.

Quem foi que nunca viu isso

É outro tipo de gente?

Eu achei um precipício

Que negocio diferente

E fiquei preocupado

Curioso e atrapalhado

E pra ver a realidade

Dessa história muito louca

Só se ele tirar a roupa

Pra mostrar a identidade.

Aí sim, ficava sabendo

A figura o que seria

E todos ficavam dizendo

Acabou-se a agonia

Mas como é de direito

Não existir preconceito

Pra toda sociedade

Mesmo sendo diferente

Vai e volta livremente

E é bem quisto na cidade

Carlos Aires

Carpina, 31/10/1992

(81)3622-0948

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 23/03/2008
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T912843
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