SEU VIGÁRIO E A SOPA DE PEDRA
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Recontando Contos Populares
Contam que havia nos cafundós do sertão nordestino – em tempos que já se foram – um vigário que costumava percorrer a caatinga, montado num jumento ferrado, guarda-sol aberto, a fim de levar a palavra de Deus aos mais distantes fiéis.
Certa vez, já anoitecia, quando seu vigário, sem abrigo e alimento, conseguiu chegar a uma casa. Sem mais delongas pediu que lhe dessem algo para comer. Porém, o pedido do padre andarilho, foi, prontamente, negado. Sem perder a calma e de maneira cortês, pediu, então, apenas um pouco de água para fazer uma sopa de pedra.
Curiosos, os moradores deixaram-no entrar e deram-lhe uma panela de água, na qual, o padre colocou uma pequena pedra lavada e levou a panela ao fogo.
— Isso com um bocadinho de sal seria um ótimo consolo – disse o vigário.
E deram-lhe o sal.
— Ora, bem que uns feijões aqui e ali viriam a calhar – teimava o padre.
E deram-lhe uns feijões.
— Para ter mais sabor, um pedacinho de toucinho, seria o ideal.
E deram-lhe o toucinho.
Assim, ele acrescentou ainda um fio de azeite, umas couves da horta, batata, alho e cebola, até que a sopa ficou um primor e foi consumida até a última gota.
Terminada a janta, seu vigário, muito do bonachão, retirou a pedra da panela, lavou-a, e guardou novamente na sua algibeira, para outras sopas de pedra. Tocou no crucifixo que trazia no peito e disse aos moradores:
— Inté logo, meus filhos! Deus os abençoe!
E foi procurar abrigo noutra casa. ®Sérgio.
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Nota Sobre o Texto: Este causo é antigo e conhece muitas versões. Há versões castelhanas, britânicas, brasileiras. Mas, para os portugueses, foi em Almeirim que tudo se passou.
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