O Causo da Redoviária.

Indiada Véééía do Recanto das Letra!

Feriadão destes arresolvi visitá um amigo na capital.

Me levarô de charrete até adonde pássa o onibus e de lá me baldeei prá Porto Alegre. Chegando na Redoviária, campeei um oreião que aceitasse as ficha que eu tinha na guayaca e nada! Daí, seguindo os conseio dum Pedro e Paulo, comprei um cartão telefãnho e dispois de muito atrapaio consegui avisá o tal amigo prá mode dele me pegá. Ele me falô prá aguardá lá perto de uma estáuta de ferro que tem no jardim do hotel na frente da redoviária. Foi fácil de achá o tal Home de Ferro, tinha um povaréu parado na frente dele. Regulando pela quantia de gente que tinha na volta daquele colosso, parece que todo mundo que chega na cidade fica ali aguardando o resgate.

Fiquei quarando ali um eito de tempo e nada de me pegarem...De vez em quando vinha um auto, debreava, parava e carregava com um vevente. Mas ao invéis de esvaziá, a turma aumentava! Prá cada qual que saía, era meia dúzia que se achegava. Nisto se aprochimô um véio...parô bem na minha frente, reparei nele porcausa da mala, de camurça, cosa fina, especial de premera. Não levô nem bem dois minuto, veio um auto, abriu a porta e quando o véio ameaçô de entrá, eu prendi no grito: ISTO É UMA POCA DUMA VERGONHA! EU JÁ TÔ AQUI HÁ QUASE DUAS HORA E O SENHOR RECEM SE ACHEGÔ! Arregalado com a discompostura que eu passei, o alcaide do véio furão entrô no auto e se mandô!

O tempo foi passando, o povo aumentando e eu no meio daquela multidã. Daí bateu o atucano e eu com receio de não sê localizado no meio daquela turba, injambrei uma bandera amarradando meu lenço vremeio na ponta do guarda-chuva!

Eu, que só home acostumado com a vastidã do pampa, já tava até assulhado de tanta falta de ar...daí pensei: "Tenho de tomá uma atitude, e já!" Nisto oiei pro jardim do hotel e divisei um daqueles apareio de molhá grama que espirra água prá tudo quanto é lado. Ah! Não pensei meia veiz...Saí de fininho e sem que ninguém me visse, agarrei a manguera, atrepei na estaúta e amarrei o mequetréfe guasqueador de água bem no meio das virilha do home de ferro, fazendo as veiz do xiringuindingue do colosso...Oigalête que foi bunito de se vê o povo disparando pros lado!

Bueno, prá encurtá o causo, quando o meu amigo finalmente se achegô, já era noite alta, e quem passava pelo Largo da Redoviária não deixô de se arregalá com o inusitado da cena: Um gaudério solitário de guarda-chuva aberto na frente do Home de Ferro sob um céu estrelado cosa mais linda deste mundo!

Steve Johnson de Almeida
Enviado por Steve Johnson de Almeida em 16/02/2008
Reeditado em 17/02/2008
Código do texto: T862222