O CAPACETE APERTADO

Solicitei uma corrida de moto pelo aplicativo. Como sou cabeçudo, o capacete entrou com uma certa dificuldade e logo tapou meus ouvidos, me deixando "moco". Percebi que o motoqueiro estava conversando comigo, mas eu não conseguia ouvir nada, ainda mais com o barulho do trânsito.

Então, educadamente, disse:

- Moço, repete, por favor. Eu não entendi o que você falou.

Quando ele se pronunciou pela segunda vez, foi aí que realmente não consegui entender. Fiquei tímido em perguntar novamente e temia parecer a velha surda da Praça é Nossa. Optei por usar a tática do: "Arram", "sim", "é mesmo?", "verdade" e "caramba, sério!?".

Após 20 minutos de viagem, cheguei em casa, tirei o capacete apertado e paguei a corrida.

Ele se despediu e deixou um conselho:

- Pois é, mano. Ser gay não é fácil. E, observando bem, você não parece viado. Se cuida!