A parábola do gnu africano (o Bezerro de Ouro)

Há muito tempo atrás, houve um vídeo circulando na rede sobre uma manada de gnus africanos.

A manada era mui vistosa e mui numerosa, e tinha um campo aberto por onde podia pastar.

Numa bela época, a manada vinha se guiando.

Os machos fortes à frente, as fêmeas atrás.

E havia, entre eles, uma mãe solidária.

Ela cuidava com esmero do seu filhote.

Um belo dia a manada foi se aproximando de uma falésia, por onde corria um rio.

E um homem resolveu colocar uma câmera ali.

A falésia não era muito grande, mas as falésias podem ser perigosas, por conta da correnteza dos rios e do risco de haver crocodilos.

Então a manada, ao se aproximar da falésia, é tomada pelo medo.

A manada resolve correr para conseguir atravessar a falésia o mais rápido possível, adentrando o despenhadeiro.

Enquanto isso, aquela mãe procura o seu filho que dela se desprendeu. Por onde ele devia estar?

E a manada cai dentro da falésia, almejando atravessar o rio em poucos passos para fugir da correnteza.

E a manada se desespera, começando, um a um, a pular no rio e a pular para chegar no topo das pedras do outro lado.

Os machos, tão fortes, tomando os primeiros lugares para chegarem ao topo.

E aquela mãe não consegue encontrar o seu filho, em meio ao caos que se instala.

Ela nada de cima a baixo no rio e não encontra o seu filho, enquanto todos os demais lutam pela vida.

Gnus sendo pisados por gnus por toda parte.

O espetáculo estava feito.

...

No outro dia, pela manhã, a câmera ainda estava ali.

O sol a nascer ilumina os primeiros fragmentos do cenário:

Corpos de gnus por toda parte.

Centenas deles, todos mortos dentro daquela falésia.

E quando parecia não haver mais vida,

Um indivíduo se movimenta em meio à pilha de corpos:

Era o bezerro.

Sim, o bezerro que sua mãe tanto lhe amava estava vivo em meio aos mortos.

Ele levantou, sacudiu a poeira do corpo e começou a caminhar.

Encontrou o corpo da sua mãe, e chorou sobre ela.

Então aquele bezerro, que era tão frágil e incapaz de se salvar, escalou sobre a pilha de corpos dos machos à beira da saída.

Saiu daquela falésia, e seguiu o seu caminho sem ao menos olhar para trás.