A morte mora ao lado

Bem ao lado do quarto da minha filha, num umbral onde deságua o telhado, entre um local inclinado, morava uma mãe pardal. Tal mãe, imprudente, fez seu ninho utilizando pedaços de palha e também de tecido.

Seu filhote escorregou do ninho e se viu enroscado naquele emaranhado. Todavia, não caiu abruptamente do ninho ao chão.

Ficou pendurado.

A você ler leitor, pense, estou conjecturando até esta parte, pois nunca saberei o quanto de tempo que tal pássaro ficou dependurado. Nem o quanto se debatia na sua inocência de filhote. Estava lá pendurado quando lhe vi se debater.

Tentei empurrar de novo ao ninho com um rastelo que utilizo para limpar a grama após cortada.

Não consegui.

Então, observando a judiação, busquei uma escada e consegui acessar ao local. O passarinho parecia desesperado, cheio de vida, tirei-lhe daquele entraste e levei ao sofá retirar o emaranhado na sua patinha.

Observei que de tanto se debater provavelmente quebrou a perna. Meu Deus era um filhote! Voar sem chance, mas tirei o machucado já estava instaurado. Nunca saberei se ele tinha dor, todavia sua perna estava esticada e a pata travada. Era dor.

Mas existia vida naquele lugar. Cabe lhe dizer que estava bastante calor.

Peguei um pote de margarina, enrolei numa toalha e deixei próximo ao ninho, por umas seis horas ia observar. E vi um passarinho com os olhos vividos tentando descansar. A dor de uma perna quebrada e também o desespero de não poder ajudar. Até tentei, fui com uma seringa tentar dar água para o pássaro.

Entendi que precisava deixar descansar, assim que conseguisse iria sair do ninho improvisado e tentar rastejar viver. Pardais são pardais. Quando a minha filha chegou da avenida, onde foi passear, apresentei o pardal que ela disse: -Que judiação! disse que era bem improvável ele viver, pois precisaria da mãe, e também de uma perna boa para poder viver a vida de pardal. Minha esperança era do milagre, fui fazer minhas coisas. Tais acontecimentos sucederam no sábado a tarde.

Na manhã de domingo fui ver, já fora do ninho sem vida e formigas já se alimentavam. A morte do pardalzinho que mora ao lado do quarto da minha filha se deu assim. Enterrei...

Waldryano
Enviado por Waldryano em 04/12/2023
Reeditado em 04/12/2023
Código do texto: T7946911
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