Um Causo Perdido
É uma cidadizinha daquelas que, se não fosse o Delegado, o Sr. Prefeito, o santo Padre, os funcionários públicos uniformizados estampando os crachás nos peitos, as garagens carcomidas utilizadas para igrejas, as cinco putas brincalhonas com as pernas arreganhadas nos bancos de madeira da casa Vermelha, os muitos cães sarnentos, as duas antenas fofoqueiras de telefonia celular, as milhares crianças, as quais garantem aos adultos os recebimentos assistenciais; os borbotões de cachaceiros escornados nas duas vias, os nove vereadores fantasmas, a miríade de aposentados jogando cartas nos três botecos, a farmácia e a lotérica; o estádio de futebol e a pálida pracinha mal iluminada, local onde a geração de cabelos coloridos estilo Lollapallosa, aliada ao BBB sexo grupal, reune-se para fumar um baseado e após a mente chegar ao desterro lunar, tramar o futuro do país, até o mapa-mundi recusaria-a.
Contudo, ali parada no tempo ela existe; e é contabilizada como mais uma pelos cofres públicos do governo Estadual e Federal.
Por sinal, lançaram o slogam de guerra: Corruptas in floculités, Quae Sera Tamen", que significa "Corrupção em fragmentos, Ainda que Tardia".
Felizmente, nenhum citadino - nem o santo Padre - ouviu falar, ou sabe latim; pois, poeira assentada e lixo debaixo do tapete, é como Causo Perdido: não deve ser levantado, muito menos, removido.