Patacoadas de Bodegueiros
Eu, Mutagambi do Espírito Santo, formado em Ciências Contábeis por correspondência no IUB: Instituto Universal Brasileiro e escriba em papel de pão roto e amarelecido para o Recanto das Letras, fui nomeado para fazer a escrita fiscal do Boteco "Cornudos de Ouro"; ou Chifre de Ouro, como interesse do leitor.
Dado o dia de recolher as notas, duplicatas, carteiras de trabalho e demais documentos, rigorosamente trajado, cheguei ao estabelecimento. Atendido por uma senhora, suponho esposa do vendeiro, perguntei se o respeitado empreendedor estava. A senhora replicou ao pé da letra dizendo que sim, porém, estava ocupado no escritório. Pedi licença novamente e indaguei que estava ocupado com a separação e lançamento das notas. Ao que ela, retornou-me um sim, como resposta. Meneei a cabeça de forma pendular, fiz um "O" bicudo com os lábios, franzi a testa inúmeras vezes e por fim, interpelei-a: "Ué, como assim; não entendi".
Estranhando a minha reação, a senhora macilenta devolveu-me a pergunta: "Como não entendeu? A pessoa procurada pelo senhor está lançando as notas".
Disse que ia esperá-lo, porém, fiquei duvidoso porque fui contratado para a finalidade de fazer a escrita fiscal, ou fazer o guarda-livro do estabelecimento, como diziam antigamente. Pensei com meus botões, já ouvi muitas versões sobre o que ele podia estar fazendo, desde "amarrar, ou estrangular o pescoço do gato, tratar ou passar um fax para o capeta, sentado no trono com as calças arriadas, mas fazendo a escrita fiscal do estabelecimento, é a primeira vez".
Realmente, enquanto não morro, vivendo, contando os gemidos e aprendendo.