Culto à Mentira... ou Não
Pedalando pela Avenida Paulista, como lavadeira que passa à limpo a vida alheia no remanso da hipocrisia, observava o movimento. Das pessoas? Claro; e além da maconha que exala o perfume da liberdade e conquista, do batalhão de estranhos que aspiram os brutamontes de prédios deste enorme e bizarro centro urbano. Fora as muitas semelhanças, avistei mais uma:
- A madame quer vender o cão, linda senhora!
- Óbvio que não, seu intrometido.
Realmente devo ter sido. "Mas a madame quer mais um, deseja comprar mais um? Sou vendedor.
- Pode ser, moro em apartamento e gostaria de ter mais um. Qual raça o senhor tem à venda?
- Do orfanato que fecharam, passaram-me 100 filhotes da Tomba-lixo; ou Vira-lata, como queira. Com direito a um saco de ração por dez anos, a senhora se interessa em ficar com um. Ficando com apenas um, já seria de grande valia!
Requebrando em cima dos tamancos, a ponto de quase quebrar o tornozelo, se benzeu e chamou a polícia. E eu? Como dizem nos botecos: dei linha na pipa. Lógico que pedalei pesado; aqui, na Terra das Leis e corruptos, qualquer coisa é motivo de processo judicial. Lamentavelmente, não dá nem para defender uma causa justa; mas desfilar com uma saia atarracada, quase lá... não tem importância nenhuma, muito menos deve ser questionado; porque escreveu e os fundamentos são falhos, as justificativas desconexas, é assédio moral, discriminatório, sexual. Pau nele!