O Descobrimento do Brasal
Tocam as trombetas e o arauto grita:
- Todos de pé! Vai entrar para presidir essa seção solene o Diabo Coxo.
O Diabo Coxo entra todo paramentado e ordena a todos se assentarem.
Novamente o arauto ordena:
- Entrem os réus.
Os réus entram e tomam assentos. Ficando o juiz à esquerda e o público à direita.
O arauto usa novamente a palavra e diz em alto e bom som:
- Estamos aqui reunidos para o julgamento desses quatro réus, que concomitantemente são acusados do mesmo crime. Iremos resolver essa encrenca dos infernos, de um jeito ou de outro. Embora os quatro sejam acusados e os quatro negarem peremptoriamente, faremos acareação para chegarmos ao resultado certo. Estando devidamente identificados com as placas número 1, 2, 3 e 4 ordeno que o réu número 1 se identifique e acuse o seu crime.
- O senhor que eu me identifique em Latim, Italiano, Português ou Espanhol? Perguntou o da placa número 1.
- Como assim ó gaiato? Desembucha logo, parece que é baitola.
- Meu nome em italiano é Cristoforo Colombo, em latim Christophorus Columbus e em espanhol, Cristóbal Colón e Cristóvão Colombo em Português. Nasci em Gênova Itália, região da Ligúria em 1451 e morri em 1506 em Valladolid, Espanha. Casado, fui navegador e descobri a América em 12 de outubro de 1492, não tenho nada com o que me acusam, tirem o meu da reta.
-Fala o réu número 2. Gritou o arauto do inferno.
- Meu nome é Vicente Yañez Pisón, espanhol, nascido em Palos de la Franteira, província de Huelva, Andaluzia no ano de 1462, casado e falecido em Sevilha no ano de 1514. Oxente! Eu também ajudei a descobrir a América. Sou acusado injustamente de ter descoberto o Brasal no dia 20 de janeiro de 1500, descendo no Cabo de Santo Agostinho-PE.
- Fala agora o réu número 3.
- Meu nome é Pedro Alvares Cabril, português, nascido em Belmonte no Distrito de Castelo Branco, região de Cova da Beira no ano de 1467, casado e falecido em Santarém-Portugal no ano de 1520. Sou acusado injustamente de ter descoberto o Brasal, no dia 22 de abril de 1500. Desembarcando na Bahia. Para depor em meu favor tenho o real descobridor, o senhor Duarte Pacheco Pereira.
- Fala o réu número 4.
- Meu nome é Duarte Pacheco Pereira, casado, navegador, militar, cartógrafo marítimo, geógrafo e cosmógrafo nascido em Lisboa Portugal no ano de 1460 e falecido no ano de 1573. Sou acusado de ter ter saído de Cabo Verde em missão secreta e descoberto o Brasal em dezembro de 1499, entrando pelo Rio Gurupi entre os Estados de Sarney e Jader Barbalho. Veja se tem sentido uma merda dessa! Sou fidalgo da Casa Real portuguesa e exijo respeito.
O arauto, que também era um diabo cego de um olho, toma a palavra e diz:
- Com a palavra o senhor Promotor.
O Promotor era um diabo gago de uma perna e manco da língua.
- “Me... me... meretrizcismo” diabo juiz. Per... pergunto ao réu Du... Du... Duarte:
- Como o... o... seu no... nome já diz, você e chegaaado fazer uma arte, di... diga-nos quando o senhooor descobriu o Brasal.
- Primeiro desejo saber quem é o presidente do Brasal.
- Embora essa perguuuunta não seja relevaaaante, eu lhe respondo, disse o promotor: A Presiden... ta do Brasal é uma tal de Dilma (que Deus me defenda!).
Nesse ponto o Diabo Coxo presidente do tribunal ordenou:
- Esteja impugnado esse promotor. Não tenho tempo a perder com essa ga... ga... ga... gagueira.
Foi trocado o promotor e seguiu a seção.
- Esconjuro maldito! Remar tanto pra nada, realmente não fui eu, disse Duarte Pacheco Pereira e se fosse negaria. Quem descobriu foi esse que tem quatro nomes.
- Eu descobri à América e não o Brasal. Disso o mundo todo sabe, nem sei o que estou fazendo aqui nesse inferno. Respondeu Colombo.
Duarte Pacheco Pereira retoma a palavra e acusa: - Se você assume que descobriu à América e o Brasal fica na América, lógico que você descobriu o Brasal.
Nesse ponto o diabo, presidente do tribunal, inocenta Duarte Pacheco Pereira. Manda que se escafeda.
O promotor então inquiriu ao réu número 2:
- Senhor Pisón, o senhor nega que pisón no Brasal primeiro que todos os outros oponentes?
- Eu nem sei do que vocês estão me acusando. Sou inocente, não tenho culpa alguma nesse descaminho que o Brasal foi vítima. Caso estejam procurando um bode expiatório, deram o bote no bode errado. Eu não me pabulo nem das coisas boas, quanto mais das merdas feitas pelos outros. Tô fora!
Nesse ponto o Diabo Coxo, presidente do Tribunal, inocenta o senhor Vicente Pisón e manda que ele se mande.
Ficaram agora cara a cara Cristóbal Colón e Pedro Álvares Cabril. Colombo foi o primeiro a falar: - se alguém ai conhece Geografia sabe que da América Central para o Brasal há uma grande distância. Tinha dado uma chuva muito grande e eu tive medo de ficar atolado, além disso, ainda que eu quisesse, teria que dar uma volta imensa pra chegar ao Brasal que eu nem sabia pra qual rumo era, então retornei para Gênova de onde não sai mais. Quem descobriu o Brasl não fui eu e sendo assim, só poderá ter sido o Cabril.
O arauto então ordenou: Que entre a testemunha de Colombo...
O Diabo Coxo, então interrompeu o arauto perguntou: Que esculhambação é essa? Quem é essa testemunha de última hora que eu não estou sabendo se foi arrolada ou enrolada?
- É o Lula querendo fazer delação premiada, pois segundo esse também teria "descubrido" o Brasal respondeu o arauto.
O Diabo Coxo então pronunciou o veredicto: Fica decretado e comprovado por esse Tribunil e aceito sem recursos posteriores que quem descobral o Brasal foi Pedro Álvares Cabril no dia 22 de abral, no Monte Pasquil, trinta e sete dias depois do carnavil e quem duvidar que vá dormir debaixo da ponte que paral. Dando um tremendo peido catingoso de enxofre saiu gritando o quanto podia:
- Fecha as portas do inferno com ferrolhos e travancas e bota esse traste de testemunha pra fugir daqui que de ladino ando correndo a mil ou a mal por hora.