DIA das MÃES (atrasado)
Tem certos causos reais que merecem ser divididos com os amigos; mas por favor bico calado.
Dez anos de casados. Ela tinha me dado dez filhos, fora o que estava na forma à espera do aviso para tirar do forno. Mulher generosa até no sexo: uma paulada; mais um para zombar da nossa miséria e dividir a ninharia de dinheiro do Bolsa Família.
No dia que antecedeu esse último dia das Mães, ela deu-me 10 reais para ir ao açougue para comprar meio quilo de tutano de boi. Temos pavor de picanha.
"Faz tempo que não dava um presentinho para minha a Patroa: dona da pensão, aquela que o dinheiro vai só para o bolso dela".
Ao passar em frente à floricultura lembrei-me que no dia seguinte seria seu dia e que podia levar para ela uma florzinha em vez de meio de carne. Senti-me emocionado e envolto na empolgação dos botânicos ao ver pela primeira vez a flor do lótus. Fiquei em efusivas! Se lembro-me bem era a primeira vez que meu amor ganharia de minhas mãos uma florzinha. Mandei embrulhar para presente com o nome dela, lacinho e tudo. Não gosto de fazer as coisas pelas metades e ela sabe deste meu defeito.
Saí pela todo feliz pela rua afora, falando para Deus e o mundo. A notícia esparramou feito cadela no cio, que faz o cão andar, brigar e dar dentadas em seus concorrentes léguas de distância.
Nem botei o pé dentro de casa e ela já sabia: "Gino, trouxe a carne . Tenho que preparar para amanhã, as visitas ligaram dizendo que vem".
Dei uma engasgada e depois disse que lembrei do dia dela e havia levado um florzinha bem bonitinha para ela: "Dá um bicota em mim dá, você merece este presentinho".
Quão foi minha surpresa, quando ela pegou o vaso na mão e enfiou da panela que possuía, mandando-os contra minha cabeça: "Seu megera! Vagabundo! Você come flor é? Então tome! Estúpido; cretino! Onde vai pedir dinheiro emprestado para comprar uma nesga de carne para esses catarrentos e desnutridos. Não tira os olhos da televisão, vendo a porcaria do Corinthians. Agora, pedi dinheiro para os jogadores,
chifrudo!
"Chifru"!... Nem deu tempo direito para pensar.
E veio para cima como galinha defendendo o pinto. Ouvi e levei de tudo. Enfezado, defendia-me e por fim, contrataquei. Foi quando ouvi: "Se levantar um dedo para mim, chamo meu amante".
Percebi nesta discussão que da ira fez-se a descoberta. Agora, quando quiser saber de seus segredos, compro uma florzinha. Flores possuem o perfume da revelação.
Dali mais uns dias, fiquei sabendo que o amante dela era um brutamonte do tamanho de uma guarda-roupas de quatro portas. Dei sorte, muita sorte!
Leia-me em Obvious ministerio das letras. Com fotos e seriedade; porque os humanos não são sérios.
Boa tarde!