TUNIQUINHO CORTA-RAIO

A história, ou estória) que vou lhes contar necessita de uma breve introdução para explicar alguns detalhes técnicos que, às vezes, não é do conhecimento do leitor. Vejamos.

Esse bem maravilhoso que nos serve, que é a eletricidade, e que quando falta deixa nossa vida de cabeça pra baixo, pois, tudo que fazemos, tanto no trabalho, como no lazer, depende da eletricidade.

Mas o que é a eletricidade? De uma maneira bem simples, sem querer entrar no processo como ela é produzida, podemos dizer que a Tensão Elétrica, também denominada de “Voltagem”, dada sua unidade de medida ser o “Volt” (V) em homenagem ao físico Alexandre Volta, na mais é do que a diferença de potencial “ddp” entre dois pontos. A diferença de potencial estabelece que há uma energia potencial que poderá ser utilizada a qualquer momento para realizar trabalho, basta colocá-la em movimento. Nas barragens, o movimento das águas, transforma a energia potencial em energia cinética (energia do movimento) que irá realizar um trabalho. Na energia elétrica esse movimento se dá pelo deslocamento de elétrons em um condutor e que é denominado de corrente elétrica, cuja unidade de medida é o Ampére, cujo símbolo é “A”, em homenagem a André-Marie Ampère, físico, filósofo, cientista e matemático francês que fez importantes contribuições para o estudo do electromagnetismo. Assim, se em um circuito elétrico fechado, temos tensão e corrente elétrica circulando, tem-se a realização de um trabalho, cujo valor pode ser medido em Joules, e a potência em Watts (W), unidade de medida da potência elétrica, em homenagem a James Watt, engenheiro e físico escocês que se destacou pela construção de máquinas a vapor. Mas na eletricidade alguns cuidados devem ser tomados em função do valor que a tensão elétrica (Volts) pode atingir, pois em valores elevados ela é letal. Daí porque é necessário utilizar materiais isolantes para impedir que as pessoas tomem “choque elétrico” ou que haja curto-circuito provocando acidentes.

Mas existe outro fenômeno que sempre visualizamos quando ocorrem as tempestades, que são as descargas elétricas, que comumente são chamadas de “RAIOS”. Esse fenômeno ocorre pela equalização de potencial entre duas nuvens carregadas eletricamente, mas com cargas elétricas diferentes, ou entre uma nuvem e a terra. Quando a descarga se dá entre uma nuvem e a terra, os riscos de acidentes são enormes, dada a quantidade de energia que contem uma descarga dessas (Raio). Para evitar esses riscos, um cientista americano de nome Benjamin Franklin, inventou um pára-raios, que servia para canalizar a corrente elétrica do raio para a terra. Conta-se que ele fez a experiência para provar que o trovão era provocado por eletricidade, empinando uma Pipa (papagaio) durante as tempestades. Hoje se questiona se ele teria feito a experiência da forma descrita, pois ela teria sido fatal. Mas o que importa é que, até hoje se utiliza pára-raios tipo Franklin, que nada mais é do que uma haste com pontas em forma de pequenas lanças, dispostas no topo da haste, conectadas a um cabo que vai até o solo onde é conectado a hastes metálicas enterradas no solo, para provocar o escoamento da corrente elétrica dos raios para a terra e evitar maiores danos.

Bem, feita esta pequena intrudução vamos à história, ou estória, do TUNIQUINHO CORTA-RAIO. Devo dizer que o nome Tuniquinho corta-raio é um nome ficticio para preservar a identidade do verdadeiro autor dos fatos, que Deus o tenha em sua Santa Glória. E a história, ou estória, vou contar da maneira como me foi contada.

Contam que havia na cidadezinha onde o Tuniquinho morava, uma pequena Usina Hidrelétrica, instalada num rio de nome Córrego Rico, e o Tuniquinho era o responsável pela Usina. Alí, além dos geradores, tinha os transformadores que elevavam a tensão da energia produzida para valores da ordem de 6.000 Volts, para serem transmitidos às cidades próximas.

Como não podia deixar de ser, existiam equipamentos de proteção para proteger os equipamentos elétricos, e, dentre eles os pára-raios. Mas era comum, alguma descarga elétrica causar danos nos equipamentos. Aí foi que surgiu a esperteza do Tuniquinho. Ele tinha um facão que tinha corte dos dois lados. Era de uma têmpera especial. Diziam até que tinha vindo da Alemanha.

O Tuniquinho pegou o facão, adaptou na ponta de um bastão e fez uma ligação com cabo de cobre flexível, isolado, comprido o bastante para dar mobilidade e poder movimentar o bastão pasra onde quisesse.

Assim, quando era dia ou noite de trovoada, o Tuniquinho ficava com o bastão esperando. Quando via que um raio estava caindo, antes que atingisse os transformadores, ele os cortava com o facão, mais ou menos, guardadas as devidas proporções, como a pipa do Franklin. E com isso evitava danos aos equipamentos. E com isso o facão foi adquirindo uma têmpera cada vez mais forte, e um corte que se assemelhava ao corte de uma navalha. E os equipamentos ficavam protegidos.

Mas Tuniquinho não era só trabalho não. Também gostava de se divertir. E um dos seus passatempos preferidos era pescar nas margens do Córrego Rico.

Certo dia. Isso contado pelo próprio Tuniquinho. Estava ele sentado na beira do barranco, pescando. O facão corta-raio espetado no barrando. Quando, de repente, Tuniquinho sentiu que estava sendo observado. Olhou com o “rabo dos ólhos” e viu que estava para ser atacado por uma enorme cobra “SUCURI”. Naquela época, por aquelas bandas, era comum se encontrar sucuri com até dez metros de comprimento.

Tuniquinho ficou apreensivo, mas não se atemorizou. Também, pudera. Quem tem coragem para cortar um raio, vai ter medo de cobra?

Disfarçadamente, ele pegou o facão pelo cabo e ficou a esperar. De repente a danada da cobra deu o bote. Tuniquinho deu uma negada com o corpo desviando-se da cobra e, imediatamente espetou a cabeça dela no barranco. A cobra desesperada começou a se enrolar no facão e seu corpo foi sendo cortado em pequenos gomos que caiam no córrego para alegria dos peixes que iam se regalando daquele banquete inesperado.

Com isso, o facão corta-raio, mais uma vez salvou a vida do Tuniquinho.

Não posso jurar que seja verdade, mas foi assim que ouvi.

Daniel L Oliveira
Enviado por Daniel L Oliveira em 20/10/2012
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