CUNVERSA DE MATUTO

OXENTE MOÇO,

ARREPARE NÃO DOUTÔ

NUM SE APERREIE COM MEU JEITO FALADOR

SOU DISLETRADO

MAR NUM SÔ DESOCUPADO

E É LÁ NO MEU ROÇADO

QUE TOMEM SOU PROFESSOR

PREPARO A TERRA

PRANTO MIO, PRANTO FÉJÃO

BATATA SOJA ARGUDAO

GIRIMUM E COISA E TÁ

SE TÔ DUENTE BEBO UM CHÁ DE QUIXABERA

CHAMO UMA BENZEDERA

PA MODE ELA ME REZAR

NUM MI INVERGONHO

DI DIZÊ QUE SÔ DO MATO

SÔ MATUTO MAR DE FATO

SÔ UM CABÔCLO ASSUNTADOR

SÓ NA COLHEITA É QUE VÔ LÁ NA CIDADE

MAR LÁ NUM TEM FILICIDADE

É SO MARDADE SIM SINHÔ

EU VEJO GENTE

CUMENO RESTO DE FÊRA

MANISSOBA MANIPÊRA

CARQUÉ COISA QUE SOBRÁ

ISSO É RAÇÃO

QUE AGENTE NEM DÁ PRO GADO

MAR TUDO VEM DO ROÇADO

DONDE VIVO A PRANTÁ

CIDADE GRANDE E BESTAGI É ILUSÃO

É COMUM LÁ SE VÊ HOMI

ARRASTANO UM CARROÇÃO

OS VÉIO TRISTE

MINDINGANO UMA ESMOLA

AQUILO LÁ É UMA ESCOLA

PRÁ FORMÁ MUITO LADRÃO

ME ADESCURPE E POR FAVÔ

ME CUMPRIENDA

MAR DOTÔ NUM SI OFENDA

CUM MEU JEITO DE FALÁ

DEUS ME ADEFENDA DE DEIXÁ O MEU TORRÃO

POIS DESTE BELO SERTÃ

NUNCA VÔ ME APARTA.

CARLOS SILVA POETA CANTADOR
Enviado por CARLOS SILVA POETA CANTADOR em 11/10/2006
Reeditado em 01/03/2008
Código do texto: T261820