Tropeço.
¾ Ei, cuidado, olha por onde anda!
¾ Linda!
¾ O que foi que você disse?
¾ Que você é linda!
¾ Como?
¾ Olha só que olhos, que lábios, que boca! Posso te dar um beijo?
¾ É claro que não! Mas espera, qual é seu nome?
¾ Porque o interesse no meu nome?
¾ Curiosidade.
¾ Curiosidade mata sabia? Mas no seu caso, pode ser que não.
¾ É? Então vai dizer ou não?
¾ Você primeiro.
¾ Eu primeiro o quê?
¾ Seu nome. Qual é?
¾ Por que quer saber? Além disso, eu perguntei primeiro. Onde está o seu cavalheirismo mocinho?
¾ Tá certo. Eu digo, mas depois será você, ok?
¾ Certo. Agora me diz o seu nome.
¾ Miguel. Meu nome é Miguel. Agora você.
¾ Ai! Que nome lindo você tem. Espera. Como vou saber que você realmente se chama Miguel? Você nem tem cara de Miguel. Muito menos de anjo.
¾ Mas é verdade. Esse é o meu nome. Olha aqui minha identidade.
¾ Hum, sei, mas pode ser documento falso.
¾ Puxa você heim! Escuta, não me enrola. Eu te falei meu nome, agora é a sua vez. Me diz, como você se chama?
¾ Eu?
¾ Sim, você. Você tem um nome certo?
¾ Sim, más, porque deveria? Eu nem te conheço. Nem sei quem você é. Aliás, eu não sei nada. Você tropeçou em mim e disse que eu era linda.
¾ E é mesmo. E bem, te pedi um beijo lembra? Então posso agora?
¾ Pode agora o quê?
¾ O beijo. Deixa?
¾ Você está louco? Pirou foi? Nunquinha. Não sou dessas que sai por ai beijando qualquer um. Eu heim! Que idéia!
¾ Mas acontece que eu não sou qualquer um. Sou o Miguel, lembra?
¾ Ah! É mesmo. Puxa como é bonito o seu nome. Quando eu tiver um filho, ele terá esse nome.
¾ E o beijo?
¾ O quê?
¾ O beijo?
¾ Ah! Bem, olha, adorei o seu nome, mas não dá, não é assim sabe. Estamos no meio da rua, e você apareceu do nada tropeçou em mim e já vem me pedir um beijo? Não dá.
¾ Mas é só um beijo. Unzinho de nada! Olha depois eu vou embora por aquela rua e você nunca mais vai me ver na tua vida te pedindo algo.
¾ Pois é Miguel, mas é aí que está o problema. E se eu me apaixonar por você nesse único beijo? Já pensou? Eu, apaixonada por alguém que não conheço e que nunca mais verei. Percebe? Estarei frita. Não, não dá.
¾ Então vamos fazer um trato. Se você deixar eu te dar um beijo e se depois disso você ainda quiser me ver, eu te levo em casa e marcamos o que você quiser. Por que você é linda demais.
¾ Jura?
¾ Juro.
¾ O que eu quiser Miguel?
¾ Sim meu bem, o que você quiser.
¾ Qualquer coisa? Olha lá heim! Promessa é divida!
¾ Pois saiba que minha palavra é uma só.
¾ Está bem. Eu deixo que você me dê um beijo. Olha mas é só um, ouviu? Que não sou dessas!
¾ Claro meu bem. Então posso?
¾ Pode.
¾ Lá vai.
¾ Lá vai o quê?
¾ O beijo ora.
¾ Ah tá.
¾ Pronta?
¾ Sim. Olha Miguel, mas é só um de leve e rapidinho.
¾ Muito bem. Pode deixar.
v Acontece o beijo.
v Cinco minutos mais tarde.
¾ E então gostou?
¾ Puxa Miguel você beija muito bem. Ai! Quero mais!
¾ Outro?
¾ Sim. Mas não aqui, assim no meio da rua, com todos esses carros passando. Você sabe, eu sou uma moça de família. Não posso me expor assim.
¾ Certo onde então?
¾ Não sei Miguel. Me leva pra casa e pelo caminho conversamos.
¾ Sim, claro vamos. Eu te levo. Mas tem uma coisa.
¾ O que foi Miguel?
¾ Eu estou na dúvida se quero mesmo sair com você. Eu nem sei o seu nome. Como é mesmo que você se chama?
Novembro de 2008.
Allan Cal.