O PLACAR PRIVADO

Depois de ser laureado com a comenda máxima concedida pela Comunidade Internacional de Ciência com a invenção do gerador de energia perpétua tendo como motor um gato com uma fatia de pão com manteiga amarrada nas costas, o Professor Mandrovão, muito preocupado com o desperdício de água nas descargas dos vasos sanitários, resolveu colocar todo a sua mirabolância inventiva e energia na criação de um invento que solucionasse definitivamente o problema.

Se enfurnou em seu laboratório com seus colaboradores e em algumas semanas já fazia os primeiros testes do "Conversor Osmoplasmático de Urina"... Segundo o Professor, um equipamento de funcionamento muito simples: um gerador plasmodinâmico formando um campo de força isotópico conversor por sobre a linha dágua do bacio. Quando a urina, com todo os seus íons negativos, entra em contato com este campo, ela é imediatamente polarizada e suas moléculas são totalmente destruidas, ou seja, numa linguagem para leigos, a urina é lançada no vácuo da inexistência de momentos anteriores ao Big Bang...

A invenção prometia ser a solução definitiva para o problema da urina gerada pela espécie humana ao redor do planeta, mas alguns efeitos residuais resultantes do processo: O estampido ensurdecedor durante a operação, o odor repugnante liberado no ambiente, o excessivo consumo de energia elétrica para estartar o equipamento (no primeiro teste houve um apagão na zona sul da cidade), estranhos fenômenos ocorridos com os assistentes do Professor Mandrovão (um deles foi sugado pela reação isotópica e só conseguir encontrar um telefone para acionar o resgate depois de vagar duas semanas pelo deserto de Gobi) e a grande probabilidade da formação de um buraco negro durante a conversão, inviabilizaram o projeto.

Mas o Professor Mandrovão não desistiu de estudar a questão e inventou um método menos radical, não eliminando nenhum átomo de urina mas economizando muita água.

O método denominado de "Placar Privado" consiste numa caneta e um cartaz fixados na parede do banheiro bem acima do equipamento de descarga. Funciona desta maneira: Utilizando a clássica contagem dos risquinhos, os primeiros 4 formando um quadrado e o quinto sendo riscado no centro deste quadrado, os habitantes da mesma unidade residencial assinalam um risco a cada urinada. Aquele que completar a quinta dá a descarga! E assim sucessivamente... Nesta relação haverá uma economia de 80% de água. Outras frequencias de descarga podem ser utilizadas de acordo com as características da urina local.

É claro que o procedimento evacuatório de número 2 está liberado para a descarga imediata, sem entrar na contagem.

Prof. Mandrovão, Um cientista inventor a serviço da humanidade, é gente que não manda fazer!

Steve Johnson de Almeida
Enviado por Steve Johnson de Almeida em 19/09/2009
Reeditado em 19/09/2009
Código do texto: T1819273