A INUCENÇA DO ROCÊRO....

A INUCENÇA DO ROCÊRO...

Quonde eu falo de matuto

Num é pru malintenção

Pois nasci nos mato bruto

Nos cafundó do Sertão

Pru isso faço o relato

Só pru cunhecê de fato

Tudo dessa região

Se me respunsabilizo

A eu mermo me arturizo

Fase essa falação

Uns matutin inocente

Qui morava na rebêra

Vêi vizitá uns parentre

Na rua, e cunhecê a fêra

Só pra mode tumá tento

E arrumá cunhicimento

Pra falá um mêis intêro

E esse negoço maluco

Foi aqui no Pernambuco

Na cidade de Sargueiro

Vêi o home e a mulé

E mais uns cinco minino

Mai veja bem Cuma é

O camponêz nordestino

Qui num tem sabiduria

É criado a rivilía

Parece inté brincadêra

Ficaro tudo parmado

Surpriendido e dimirado

Quonde viru uma tornêra

A mininada chegaro

Tudo morreno de sede

Mai quonde arrepararo

Saí água das parede

Foi o maió ribuliço

Dixéro qui diabo é isso

Entraro im disispêro

Cunfusão e arrilia

Os bixin só cunhicia

As água do seu barrêro

Passada essa afrição

Fôro logo passiá

Compraro num barracão

Uns picolé pra chupá

Esse negoço gelado

Deu um duedô danado

Assim qui bateu no dente

Ficô logo arguns chorano

E otôs só arrecramando

Mãe!! A boca tá drumente!!

E assim qui terminaro

O passeio prazentêro

Quonde na casa chegaro

Procurano um candiêro

Mode fazê claridade

E diante da nuvidade

Quaje caíro pra traz

Dixero, essa eu nunca vi!!

Acendê luz sem paví?

E adonde é qui bota o gaz?

Mai logo se acustumaro

E fôro vortando ao normá

Dispois dum tempo mandaro

Um minino apagá

A luz qui ainda tava aceza

Ele se assubiu na mesa

E danou-se a assoprá

Num é farta de inteligença

É a mais pura inuçença

Do povo do meu lugá

E assim narrei a históra

Desses setanejo nato

Tirei da minha mimóra

Sem mintira e nem buato

Mai você qui ta me leno

Pois se tive intendeno

Qui o pueta inzagerô

Mim deixe aqui bem filiz

E vá se intendê cum Assis

Foi ele quem me contou

Carlos Aires 26/03/2009

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 26/03/2009
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T1507288
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