O MATUTO E O ELEVADOR...

O MATUTO E O ELEVADOR...

Um matuto sertanejo

Daquele do pé rachado

Que só conhece o traquejo

Do lugar que foi criado

Sem tê fineza e nem trato

Pois só sabe alinpá mato

E cuidá do seu roçado

Inventô a invenção

De passiá na cidade

Mermo sem tê pricisão

E ninhuma nissidade

Mode cunhecê a praça

E sabê tudo qui se passa

Pra contá as nuvidade

Visitô o chafariz

Cum as água colorida

Passô lá pela matriz

Oiô rua e avinida

Viu as ponte os viaduto

E essas coisa pra um matuto

São bunita e divirtida

Avistô um préido arto

E foi inspiá de perto

Colocô as mão nos quarto

E ficou boquiaberto

Oiô pra riba e pra baxo

Manifestô seu dispaxo

E dixe isso nun tá certo

Uma casa destamanho

Né minha mai eu condeno

Qui negoço mai instranho!!

E cum seu oiá sereno

Fico ali matutando

Somente obiseivano

Esse quartin tão piqueno

Inquanto ele obiseivava

Quá era a serventia

Logo viu quonde chegava

Uma muié martrapía

Qui cutucou num Butão

E na merma ocasião

Uma portinha se abria

E assim qui a porta se abriu

Logo aquela véia entrou

Ele quaje qui nem viu

Quonde a porta se fechou

E ficou incabulado

E até mermo inrritado

Cum o qui prezenciô

A porta ficô fêchada

Dois minuto mais ou meno

Ele num intendeu nada

Só ficô se mardizeno

Marnum arredô o pé

Quiria vê a muié

Outra veiz apariceno

Quonde a porta se abriu

Ele quaje qui dirmaia

Pruque do quartin saiu

Uma môça de minissaia

Limpa nova e bem tratada

Num se paricia in nada

Cum a véia feia e grizáia

O matuto quonde oiô

Qui teve aquela visão

Logo dixe sinsinhô

Ta resorvida a questão

Uma véia martrapía

Entrou nessa ingrizía

E virou esse avião?

Aí ele se avexou

Pra vortá pro seu lugá

E foi dizendo eu vou

Trazê é Zefa pra cá

Mode ela entrá no quartin

Pos se ela saí assim

As coisa vai miorá

O matuto foi simbora

Eu nun sei se ele vortô

Do lugá adonde mora

Nem se a muié aprovô

Esse troço qui ele viu

E nem se ele já discubriu

Qui aquilo é um elevadô

Carlos Aires 25/03/2009

Carlos Aires
Enviado por Carlos Aires em 25/03/2009
Reeditado em 11/09/2009
Código do texto: T1505766
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