O SERTÃO ORIGINAL...(CAUSO)
O SERTÃO ORIGINAL...
(CAUSO)
Sertão da vida de gado
E do vaqueiro destemido
Sertão que mesmo sofrido
E pela seca castigado
Teu povo é sempre animado
Pela fé e esperança
Desde a pequena criança
Ao mais antigo ancião
Traz no peito a devoção
E honra esse compromisso
É devoto de “Padim Ciço”
E também de Frei Damião
Sertão aonde as parteiras
Ainda pegam meninos
E ainda tem rezadeiras
Que com ramos pequeninos
Rezam orações faz bendito
E qualquer olhado maldito
Vai embora de repente
Que reza dor de mulher
Ou qualquer mal que tiver
Caxumba ou dor de dente
Reza espinhela caída
Pé desmentido ferida
E picada de serpente
Sertão que ainda acredita
Em lobisomem e visão
Em mãe d’água e papa-figo
Caipora e bicho papão
Rezam terço e ladainha
Oficio e salve Rainha
Faz novena e cavalhada
E quando a reza se encerra
Toca um forró pé-de-serra
E a festança é animada
Com respeito e alegria
Só finda ao chegar o dia
No final da madrugada
Sertão que o carro de bois
Sai cantando seus lamentos
Puxado em junta, de dois
Pelos campos poeirentos
Transporta palmas pra o gado
Ou os lucros do roçado
Água pra animais sedentos
Passando pedras, cascalhos
Compartilhando os trabalhos
Com nosso nobre jumento
Trazendo para a boiada
A ração tão esperada
E o seu próprio sustento
É esse o sertão amado
Original verdadeiro
O sertão alumiado
Pela luz do candeeiro
Sertão que de madrugada
Escuta-se a passarada
E o aboio do vaqueiro
Que com a voz melodiosa
Acorda e deixa ansiosa
A filha do fazendeiro
Mas cumpre sua jornada
Que é desleitar a vacada
Seu trabalho rotineiro
Carlos Aires 03/01/2009